Descrição de chapéu Coronavírus Grande SP

Perto de colapso, Mogi das Cruzes endurece regras e adota fase vermelha

A partir da 0h desta quarta (3), só poderão funcionar atividades essenciais; hospital municipal chegou a 100% de ocupação de UTI

São Paulo

A Prefeitura de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, anunciou nesta terça-feira (2) que irá endurecer, a partir desta quarta (3), as regras para a quarentena no município. A medida foi tomada diante do aumento nas taxas de ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para Covid-19 na cidade.

A partir da 0h desta quarta, o município adotará regras semelhantes às da fase vermelha do Plano São Paulo. Nessa etapa, o comércio e o setor de serviços não podem funcionar, com exceção de atividades essenciais. Restaurantes só podem operar no sistema de delivery ou para retirada e os bares ficam proibidos de abrir.

Porém, diferentemente das regras estaduais, as igrejas deverão ficar fechadas. Na segunda (1º), o governador João Doria (PSDB) anunciou um decreto que enquadrará como atividades essenciais todas as igrejas do estado.

Entre 23h e 5h, a circulação na cidade ficará ainda mais restrita, a exemplo do que vem ocorrendo na região do ABC paulista. "Só vai poder circular nas ruas quem estiver trabalhando ou em caso emergência", diz o prefeito de Mogi das Cruzes, Caio Cunha (Podemos). Haverá reforço na fiscalização para evitar festas e eventos clandestinos, segundo ele.

Situação caótica

O prefeito explica que, considerando as redes pública e privada, a cidade tem 90% de utilização das vagas de terapia intensiva. Segundo o chefe do executivo, entretanto, o hospital municipal está oscilando perto de 100%, inclusive tendo chegado a atingir a ocupação total no último fim de semana. Ao todo, Mogi tem 114 leitos de UTI para Covid-19.

Cunha acrescenta que, além dos pacientes que moram em Mogi, a rede hospitalar da cidade é sobrecarregada pela demanda de pessoas vindas de municípios vizinhos. Entre 30% e 40% dos internados moram em outras cidades, segundo ele.

"Na semana passada, estive com o Dr. Jean [Gorinchteyn, secretário estadual de Saúde] mais uma vez reforçando essa nossa necessidade do aumento de leitos não só aqui na nossa cidade, mas na região. A gente continua pleiteando isso. Vamos ver qual vai ser a resposta", afirmou o prefeito.

Ainda não há confirmação de infecções na cidade pelas novas cepas do coronavírus. Entretanto, o prefeito desconfia de que as mutações do vírus já estejam circulando no município. "Talvez por essa nova variante, o contágio está muito rápido. O que está acontecendo também é que rotatividade dos leitos está menor: o paciente está ficando mais tempo na UTI do que antigamente", disse Cunha.

Resposta

A Secretaria de Estado da Saúde diz que atua junto com municípios para expandir a rede de atendimento, "sempre com base em critérios técnicos e cenário regional, e esta análise ocorre também com relação ao Alto Tietê".

"Neste sentido, em janeiro, a secretaria definiu a abertura de mais 30 leitos de UTI em três hospitais estaduais localizados em cidades diferentes do Alto Tietê para enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. Foram anunciados a abertura de dez leitos em cada uma destas unidades: Hospital Luzia de Pinho Melo [em Mogi das Cruzes], Hospital Regional de Ferraz de Vasconcelos e Hospital Padre Bento, em Guarulhos. Todos já são referência para tratamento da doença na região, e por isso foram selecionados, considerando a expertise neste tipo de assistência. Outros hospitais da região, como o HC de Suzano e o Santa Marcelina de Itaquaquecetuba também possuem leitos para a doença", diz a pasta.

A secretaria acrescenta ainda que, desde o início da pandemia, abriu cerca de 500 leitos para Covid-19 e enviou 130 respiradores para a região. "Também foram repassados no ano passado mais de R$ 34,9 milhões para fortalecer a assistência para casos de Covid-19 na região do Alto Tietê", finaliza a pasta.

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