Pela segunda vez, a comemoração do Dia das Mães só será realmente segura se a reunião das famílias for virtual. Essa é a opinião de especialistas ouvidos pelo Agora sobre este domingo (9). Isso porque, apesar da sensação de normalidade, os números da pandemia de Covid-19 seguem altos. Nesta sexta (7), a média móvel de novos casos da doença no estado de São Paulo foi de 11.496, e a de mortes, 542.
"Não é possível fazer reunião familiar nesse momento. Só com as pessoas que já moram na mesma casa", afirma o infectologista Valdez Madruga, consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia). E a restrição se aplica, segundo ele, mesmo para quem tem parte da família vacinada, já que nenhum imunizante é 100% eficaz contra a doença.
Eliseu Waldman, professor do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo), cita que, apesar do relaxamento da quarentena, os indicadores da Covid-19 ainda são preocupantes.
Segundo o boletim do governo, 78,3% dos leitos de UTI do estado estavam ocupados nesta sexta. Na região metropolitana, o índice era de 76,3%. Já os leitos de enfermaria estavam com ocupação de 57,4% no estado e 58% na Grande São Paulo.
“Nós vimos o que as reuniões familiares realizadas no fim do ano nos proporcionaram. O resultado nós conhecemos. A situação ainda é dramática”, afirma Waldman, sobre aumento no número de casos em janeiro.
O Centro de Contingenciamento do Coronavírus, que orienta o governo do estado sobre as ações da quarentena, não fez nenhuma recomendação expressa contra reuniões familiares. O infectologista Marcos Boulos, professor sênior da Faculdade de Medicina da USP e um dos 21 integrantes do grupo, entretanto, desaconselha esse tipo de encontro, mesmo se reunir poucas pessoas.
Caso haja um amplo desrespeito a essas orientações, as consequências das datas podem ser sentidas em cerca de dois meses, afirma o epidemiologista Pedro Hallal, coordenador do Epicovid-19, o maior estudo epidemiológico sobre coronavírus no Brasil. Esse é o tempo médio decorrido entre os primeiros sintomas, internação e mortes. “A gente corre o risco de repetir a mesma tragédia que aconteceu no fim do ano passado", diz.
Em caso de reunião, protocolos têm que ser rígidos
Nada de beijos, abraços ou bate-papo longo à mesa durante a refeição. Caso as famílias escolham fazer algum tipo de reunião no Dia das Mães, os riscos só serão minimizados caso os participantes adotem protocolos rígidos.
"Mesmo que as mães a as avós já estejam vacinadas, não temos vacina com 100% de proteção. Ainda há risco de doença grave e internação em UTI", afirma Raquel Stucchi, infectologista da Unicamp e consultora da SBI.
Segundo ela, é importante que os convidados não sejam de mais de três núcleos familiares diferentes e que optem por um ambiente amplo e ventilado. E, a todo momento, manter a máscara de proteção. Numa família em que eventualmente todos estejam vacinados, ainda há riscos, afirma Raquel. "Ainda assim eu manteria a máscara para todos."
O infectologista Claudio Gonsalez afirma ainda que é importante evitar reuniões em espaços como restaurantes. "Neles você tem contato com pessoas de outras famílias, então aumenta a possibilidade de contágio."
É importante não baixar a guarda, porque mesmo em pessoas que já tomaram as duas doses da vacina, de acordo com Gonsalez. Os cuidados como o uso de máscara e o distanciamento devem ser os mesmos.
DIA DAS MÃES
A recomendação dos médicos é que qualquer celebração neste domingo seja virtual. Mas para quem tiver encontros presenciais, a reunião deve ter pessoas que fazem parte do convívio diário
TIPO DE LOCAL
- Prefira um local aberto e ventilado (como o quintal ou o terraço)
- Evite restaurantes
!ATENÇÃO!
- As características do local e o número de pessoas estão relacionados. Quanto menor o espaço, menos pessoas devem se reunir
COMO SE COMPORTAR
- Mantenha o distanciamento mínimo de 1,5 metro
- Sem abraços e beijos entre pessoas que não moram juntas
A MÁSCARA
- Use máscara o tempo todo
- Se passar muito tempo, leve máscara para trocar
- Não converse durante as refeições, quando muitas pessoas estão sem o equipamento
- Se possível, faça o escalonamento da refeição para evitar que todos fiquem sem máscara ao mesmo tempo
E PARA QUEM JÁ TOMOU A VACINA?
- Os cuidados seguem necessários porque ainda não há vacina 100% eficiente contra a doença
CASO NINGUÉM TENHA TOMADO A VACINA
- O ideal é que encontros presenciais não aconteçam
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