Descrição de chapéu desigualdade educacional

Programa Dignidade Íntima distribuirá absorventes para alunas em São Paulo

Iniciativa quer evitar evasão escolar entre quem não tem como comprar itens de higiene

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São Paulo

A partir de agosto, com a volta presencial às aulas, em todas as escolas da rede estadual e municipal de São Paulo, as estudantes entre 10 e 18 anos receberão gratuitamente absorventes íntimos. A medida faz parte do programa Dignidade Íntima, lançado nesta quinta-feira (15) pelo governo estadual. O investimento será de cerca de R$ 30 milhões para compra de itens de higiene menstrual para aproximadamente de 1,3 milhão de alunas.

O objetivo é beneficiar principalmente as estudantes em situação de vulnerabilidade econômica e social, que, mesmo neste período sem aulas, já podem retirar os absorventes onde estudam, segundo a Secretaria Estadual da Educação, sob a gestão de João Doria (PSDB).

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), também sancionou uma lei que garante distribuição de absorventes às estudantes. Segundo a Secretaria Municipal da Educação, estão matriculadas nas escolas da capital cerca de 100 mil estudantes em idade menstrual.

O secretário municipal da Educação, Fernando Padula, disse que o município quer garantir a permanência das estudantes na escola mesmo no período menstrual.

Um estudo da ONU (Organização das Nações Unidas) mostra que uma a cada quatro meninas no Brasil sofre com o impacto da pobreza menstrual na vida escolar. Tanto que nesta quarta-feira (14) a Cruz Vermelha São Paulo doou 3.200 absorventes e 3.200 calcinhas para incontinência, além de 4.000 máscaras e 800 sabonetes. A ação aconteceu na comunidade do Vietnã, na Vila Santa Catarina (zona sul).

Uma das beneficiadas pela doação da Cruz Vermelha foi Mayara Neves Nicolau, 27 anos. Segundo ela, a ação foi importante porque se sentiu com mais dignidade. “Tenho de agradecer por terem olhado para nós”, disse ela, que é inscrita no Bolsa-Família.

Thainá Brasil da Costa, 26, também recebeu o kit. “Achei muito legal”, disse. Segundo ela, é muito triste não ter absorvente e ser obrigada a usar outros meios. “Já tive de usar papel higiênico e isso não é legal, por isso aprovo e espero que o programa continue e beneficie mais meninas e mulheres”, afirmou.

Segundo a coordenadora de projetos especiais da Secretaria Estadual da Educação, Rafaela Vieira, a distribuição dos absorventes para todas as alunas da capital será feita nas escolas e, entre este mês e agosto, todos os profissionais da educação serão treinados para evitar constrangimento às meninas. “A informação vai chegar pelas mídias sociais, pelos grêmios estudantis e pelos professores em sala de aula. Importante que todas saibam do benefício”, disse.

Para isso, também serão colocados cartazes em todas as escolas, inclusive nos banheiros femininos, com informativos sobre pobreza menstrual. “Existe um tabu em torno do tema e falar sobre isso é motivo de vergonha para as meninas. Por isso, o objetivo será garantir o acolhimento delas, que não vão precisar se identificar como vulneráveis ou que não têm recursos”, afirmou Rafaela.

O governo também estuda transformar o projeto em programa permanente. O decreto deve virar lei estadual para garantir que nenhuma aluna fique fora escola.

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