O diretor Richard Donner, morto aos 91 anos no dia 5, era “criança” e “coração” o tempo todo, disse, em sua despedida, o colega Steven Spielberg. Talvez aí esteja uma pista dos motivos do sucesso de Donner ao dirigir filmes como o original “Superman”, de 1978, “Os Goonies” (1985) e a série “Máquina Mortífera”, com Danny Glover e Mel Gibson.
Mas a direção não foi sua primeira opção. Nascido no Bronx, em Nova York, ele se graduou em teatro e negócios pela Universidade de Nova York. Nos anos 1950, atuou como ator em peças off-Broadway. Também fez trabalhos na televisão, um dos quais produzidos por Marty Ritt (“Norma Rae”). Foi esse encontro que mudou a carreira de Donner.
“Marty disse que eu nunca conseguiria ser ator, pois não seguia a direção, mas achou que eu poderia dar a direção, e me ofereceu um trabalho como assistente”, disse Donner. Nos anos seguintes, trabalhou em documentários e na televisão, onde dirigiu episódios de séries como “Kojak” e “O Fugitivo”.
Seu primeiro longa é de 1961, “X-15”, que tinha Charles Bronson no elenco. A carreira cinematográfica seguiu ao lado da TV. O sucesso veio em 1976, com o thriller “A Profecia”, estrelada por Gregory Peck.
O longa estourou nas bilheterias. Com um orçamento de US$ 2,8 milhões, chegou a US$ 60 milhões de arrecadação. E abriu o caminho de Donner para “Superman”, com Christopher Reeve e Marlon Brando.
O que “A Profecia” faturou foi quase o orçamento de “Superman”, US$ 55 milhões. Em entrevistas, Donner disse que sempre lembrava a equipe da necessidade de se fazer um filme que desse ao público a sensação de algo real, e não uma paródia do super-herói. O longa foi outro sucesso mundial, arrecadando US$ 300 milhões nas bilheterias.
Os anos 1980 estavam chegando, e com ele outros êxitos de Donner, que estendeu suas atividades à produção, ao lado de sua mulher, Lauren Shuler Donne. Logo vieram a aventura “Os Goonies”, produzido com o amigo Spielberg, e o romântico “O Feitiço de Áquila”.
E, claro, o primeiro “Máquina Mortífera”, em 1987. A história dos tiras de personalidades tão diferentes foi mais um sucesso do diretor, que se encarregou de três sequências, em 1989, 1992 e 1998.
A partir dos 1990, Donner dedicou-se mais à produção. Seu último filme na direção, “16 Quadras”, com Bruce Willis, é de 2006. Nos anos 2000, foi produtor de longas da franquia X-Men, grandes sucessos de bilheteria. E estava envolvido na sequência de “Os Goonies”, projeto em desenvolvimento. Nada mais lógico para, como disse Spielberg, “o maior Goonie de todos”.
ONDE VER
(preços e disponibilidade nos streamings pesquisados em 8 de julho)
SUPERMAN, O FILME (1978)
Looke e HBO Max: grátis para assinantes; NetMovies: grátis; Apple TV: R$ 7,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra); Google Play: R$ 7,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra); Microsoft Store: R$ 7,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra)
SUPERMAN 2, A AVENTURA CONTINUA (1980)
Google Play: R$ 7,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra); Apple: R$ 7,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra); Looke: R$ 7,99 (aluguel)
SUPERMAN 2, THE RICHARD DONNER CUT (2006)
HBO Max: grátis para assinantes; Apple e Microsoft Store: R$ 19,90 (compra)
OS GOONIES (1985)
NOW: grátis para assinantes; Apple TV: R$ 7,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra); Google Play: R$ 7,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra); Microsoft Store: R$ 7,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra)
O FEITIÇO DE ÁQUILA (1985)
Old Flix: grátis para assinantes
MÁQUINA MORTÍFERA (1987)
HBO Max e Oi Play: grátis para assinantes; Google Play: R$ 7,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra); Microsoft Store: R$ 7,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra); Looke: R$ 7,99 (aluguel)
MÁQUINA MORTÍFERA 2 (1989)
HBO Max e Oi Play: grátis para assinantes; Google Play: R$ 7,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra); Microsoft Store: R$ 7,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra)
MÁQUINA MORTÍFERA 3 (1992)
HBO Max e Oi Play: grátis para assinantes; Apple TV: R$ 7,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra)
MÁQUINA MORTÍFERA 4 (1998)
HBO Max e Oi Play: grátis para assinantes; Microsoft Store: R$ 7,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra)
‘Superman’ teve astros, salário histórico e brigas com produtores
As produções de “Superman, o Filme” (1978) e “Superman 2, A Aventura Continua” (1980) renderiam uma coluna à parte. A começar pelo elenco estelar, encabeçado por Marlon Brando, que interpretou o pai de Superman, Jor-El.
O astro recebeu US$ 3,7 milhões, o maior salário pago a um ator até então, mais uma porcentagem dos lucros por 12 dias de filmagem.
O valor incluía os dois filmes, mas as cenas de Brando não foram usadas no segundo longa, pois ele havia processado os irmãos e produtores Salking e a Warner em US$ 50 milhões, alegando não ter recebido sua parte na bilheteria.
Gene Hackman, também um ator consagrado a esta altura, ficou em dúvida se aceitaria o papel do vilão Lex Luthor. Depois de embarcar no projeto, o próximo desafio foi estético. O ator apareceu nos testes de maquiagem com um “belo bigode Lex Luthor”, como contou em entrevista.
"Dick (o diretor Donner) negociou para perder o seu [bigode] se eu fizesse o meu. Ele comemorou meu último golpe de navalha tirando os bigodes falsos que havia comprado”, disse Hackman à Hollywood Reporter.
Christopher Reeve, por sua vez, ainda não era muito conhecido. Por isso, nos créditos do filme, seu nome aparece após os de Brando, Hackman, Donner e dos produtores.
E não foi apenas Brando que brigou com os irmãos Salking. Donner acabou demitido antes que a sequência estivesse pronta, e o diretor Richard Lester assumiu o projeto, levando os créditos.
No entanto, como os dois longas foram filmados ao mesmo tempo, a maior parte das sequências de “Superman 2, A Aventura Continua” (1980) haviam sido dirigidas por Donner.
Lester refilmou algumas e imprimiu sua visão ao Superman (ele criticava o que considerava visão épica de Donner sobre o herói).
Em 2006, o nome de Donner voltou aos créditos do segundo longa, em uma versão reeditada pelo diretor, chamada de “Superman 2, The Richard Donner Cut”. “Dick tornou tudo divertido, e é por isso que os filmes também ficaram assim”, resumiu Hackman.
Amizade está dentro e fora da tela em ‘Goonies’
Quem foi criança ou adolescente nos anos 1980 com certeza se divertiu com as aventuras do grupo de amigos, os Goonies, que encontram um mapa em um sótão e partem em busca de um tesouro. Se a amizade move os garotos, atrás das telas não foi diferente.
A história foi criada por Steven Spielberg na mesma época em que o diretor abriu a produtora Amblin. O objetivo era produzir filmes voltados para a família. Ele contratou Chris Columbus para escrever o roteiro e Richard Donner, seu mentor quando trabalhou na TV, para dirigir o longa.
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