Voltaire de Souza: A taça é nossa

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Voltaire de Souza

Rixa. Guerra. Rivalidade.
Brasil e Argentina disputam a Copa América.
Quem vai ganhar?
Uma coisa é certa.
Em matéria de pandemia, o Brasil dá goleada.
Lourival era um antigo locutor esportivo.
—Comecei na Cop... na Cop...
Ele parou para respirar.
—Hhhff... hããhn.
Todos se lembram.
Na Copa de 1950, o Brasil engoliu um dois a um.
—Depois, outra humilh...hh... hhh...
Ele se referia ao desastre de 1966.
Lourival tinha, de fato, esse hábito pessimista.
A final da França teve o caso do Ronaldo Fenômeno.
—Verg... onhhh... hahha.
A voz do locutor já andava falhando quando veio o 7 a 1.
Na casa de repouso, tentavam animar Lourival.
—O passado está de volta, meu amigo.
—Hhha.
—Logo os militares vão começar uma ditadura de novo.
O ancião precisava de descanso.
Sua mente viu um imenso campo verde.
Uma bolinha quicava no gramado.
Vermelha. Sem chifrinhos.
—Será que hheu pehei Hovid?
O presidente apareceu com uma taça.
—Bebe, Lourival.
—É hhampanhe?
—Cloroquina. Purinha.
Lourival não sobreviveu para assistir ao jogão.
Frangos se engolem.
Alguns medicamentos, contudo, podem ser mais indigestos.

A taça do mundo é nossa
A taça do mundo é nossa - Pexels
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