Bando aplica golpes usando nomes de membros do Sindicato dos Servidores de SP

Entidade identificou cinco vítimas, que depositaram até R$ 4.800 aos golpistas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Criminosos estariam se passando por funcionários de um escritório de advocacia e de um sindicato de servidores públicos para aplicar golpes, por meio de telefonemas. Até o momento, a entidade já identificou cinco vítimas.

O esquema veio à tona após uma aposentada de 71 anos ser procurada, em seu telefone fixo, na manhã do último dia 12.

Segundo a filha dela, uma mulher se identificou como funcionária do Sinsprev (Sindicato dos Servidores e Trabalhadores Públicos em Saúde, Previdência e Assistência Social no Estado de São Paulo), solicitando que a vítima entrasse em contato com um escritório de advocacia, informando um telefone fixo em seguida.

Ao ligar no número indicado, um suposto advogado se identificou como Cássio Aurélio Lavorato e afirmou que uma ação, movida pela idosa, havia sido concluída e que um depósito —valor não informado— seria feito "imediatamente" na conta da vítima.

O suspeito teria afirmado precisar, antes disso, de um depósito de R$ 998,80 "para encargos do cartório". À vítima ainda foi solicitado que, assim que fizesse a transferência, era para mandar um comprovante ao golpista.

Após a orientação, que a aposentada acreditava ser de um advogado verdadeiro, ela depositou dinheiro ao criminoso, além de enviar o comprovante. Depois disso, ela não foi mais procurada.

Com a demora para receber algum retorno, a idosa decidiu ligar no sindicato. Por telefone, foi informada sobre o fato de criminosos estarem aplicando golpes em nome da entidade.

"Minha mãe se sentiu mal, não conseguiu dormir algumas noites, pois ficou nervosa por saber que falou com um golpista e que caiu no golpe dele", afirmou a filha da aposentada, que pediu sigilo para a identidade de ambas.

A idosa decidiu registrar o caso por meio de um boletim de ocorrência eletrônico, para possibilitar a investigação do bando. "A polícia precisa prender essas pessoas para que seja feita justiça", acrescentou a filha da vítima ao Agora.

O verdadeiro Cássio Aurélio Lavorato, advogado que representa os filiados do sindicato, afirmou que os criminosos tiveram acesso a informações sigilosas sobre as vítimas, nem mesmo disponíveis à entidade.

Tendo acesso privilegiado a telefone e endereço, por exemplo, os criminosos conseguem convencer as vítimas, segundo o advogado, usando os nomes verdadeiros de pessoas ligadas ao sindicato, como já fizeram com o nome de Lavorato.

"O criminoso, se passando por mim, convenceu até o momento cinco vítimas de fazer transferências, alegando que o dinheiro é para pagar encargos de cartório. Houve depósitos [de vítimas] de até R$ 4.800", explicou o advogado.

Todos os depósitos foram feitos para uma conta corrente ativa, cujos dados já foram encaminhados à Polícia Civil, que investiga o caso.

As vítimas do golpe compõem um grupo de 1.700 pessoas, que aguardam desde 1989 a conclusão de um processo na Justiça do Trabalho. "Como algumas pessoas já estão para receber dinheiro, os criminosos as procuram e aplicam o golpe", disse ainda Lavorato.

Ele acrescentou ter procurado uma empresa de telefonia, usada pelos criminosos, que já cancelou algumas linhas da quadrilha. "Porém, o bando contrata novas linhas em seguida", afirmou Lavorato.

"Espero que a polícia localize os responsáveis pela conta bancária e dos endereços onde os telefones [da quadrilha] estão instalados", disse ainda.

Sindicato dá alerta aos filiados

O Sinsprev alerta os servidores sobre a ação dos criminosos, que se passam por funcionários da entidade e de um escritório de advocacia com o intuito de extorquir dinheiro das vítimas.

"Isso é golpe. A pessoa que liga não é funcionária do Sinsprev e o que atende não é advogado que trabalha no escritório. Não deposite nenhum valor. Sempre procure informações junto ao Sinsprev", diz trecho de nota, divulgada na internet.

Polícia

A SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirmou que o caso da idosa, mencionado nesta reportagem, foi registrado como estelionato e é investigado pelo 42º DP (Parque São Lucas).

"A vítima foi orientada sobre o prazo para representação criminal", diz trecho de nota da pasta, acrescentando que a polícia está à disposição das vítimas do golpe.

Nenhum outro detalhe sobre a investigação foi mencionado, como eventuais identificações e prisões de suspeitos.

A SSP oferece na internet uma cartilha na qual são dadas dicas para que as pessoas não caiam em golpes, que também são explicados. Chamado de "Golpe? Tô fora", o manual propõe o compartilhamento das informações, para combater o crime de estelionato.

Conheça e se previna contra alguns golpes

BILHETE PREMIADO

Um dos mais antigos e praticados crimes de estelionato é o chamado "golpe do bilhete".

Com um bilhete falso, onde constam os números do sorteio do dia, os bandidos convencem a vítima a depositar valores, que podem passar centenas de milhares de reais. Após vender a falsa bolada, os bandidos desaparecem.

Como se prevenir?

Desconfie sempre de dinheiro fácil e caso perceber que é alvo de golpistas, desconverse e vá embora.

FALSO SEQUESTRO

Também muito usado por criminosos, inclusive de dentro da cadeia, este golpe consiste em ligar para a vítima, pedindo dinheiro, e simular que algum parente ou amigo dela foi sequestrado.

Como se prevenir

Caso não estiver sozinho, mantenha o bandido na linha e tente informar à pessoa próxima de você, com um bilhete, sobre o que está acontecendo -- pedindo para ela entrar em contato com a pessoa que estaria sequestrada.

Se estiver só, desligue o telefonema e ligue para a pessoa que os bandidos afirmam ter sequestrado.

Não deixe de chamar a polícia caso constate que o crime é real.

WHATSAPP HACKEADO

Neste golpe o criminoso envia à vítima um código de verificação, fingindo ser de algum site de vendas onde o alvo mantém algum anúncio.

Ao convencer a vítima de que é do site de vendas, a pessoa digita seu código do aplicativo de mensagens, transferindo a linha imediatamente para o bandido, que se passa pela vítima para pedir dinheiro à lista de contatos hackeada.

Como se prevenir

Sempre verifique, por meio de contatos oficiais, se a empresa mencionada na mensagem de fato lhe procura.

FALSO BOLETO

Bandidos pesquisam nas redes sociais interesses de algumas pessoas, como religião, conseguindo com isso enviar falsos boletos de instituições para as quais a vítima de fato contribui.

As cobranças podem ser feitas online ou mesmo por meio postal.

Como se prevenir?

Caso receba algum boleto inesperado, vá até sua agência e confira com o gerente a legalidade do documento.

FALSO NAMORADO

Criminosos criam contas falsas na internet, inclusive fingindo ser estrangeiros, e conquistam as vítimas em sites de relacionamento.

Tendo o contato da vítima, o bandido mente sobre situações, como doenças ou dívidas, para extorquir dinheiro da pessoa.

Como se prevenir?

Tende conhecer a pessoa pessoalmente, em algum lugar seguro e movimentado, para ver se é de fato quem aparece nas fotos com quem conversa. Caso a pessoa crie desculpas, desconfie.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.