Com o fim da restrição de horário e capacidade público no comércio e em eventos a partir desta terça-feira (17), casas de shows e espaços de eventos adotam medidas para continuar seguindo os protocolos sanitários. Manter o público em mesas ou camarotes foi a solução adotada para os shows programados para os próximos meses na capital.
A flexibilização liberada pelo governo do estado, gestão João Dória (PSDB), permite que sejam realizados eventos sociais, como casamentos, jantares, festas de debutante e formaturas; e corporativos, como feiras, congressos e convenções, sem limite de ocupação. Museus e atividades culturais seguem a mesma regra.
Aglomerações de qualquer natureza estão proibidas e podem gerar multas aos organizadores e responsáveis. Por esse motivo, eventos que promovam concentração de pessoas, como bailes, casas pista de dança em casas noturnas, shows com público em pé e competições esportivas com torcida, continuam proibidos até 1º de novembro.
A saída encontrada para a realização de shows em São Paulo foi distribuir o público em mesas e cadeiras ou camarotes privativos. Em ambos os casos, as pessoas devem ser do mesmo núcleo familiar ou convívio social.
A Audio, na Barra Funda (zona oeste), comporta cerca de 3.000 pessoas, mas, para seguir os protocolos de distanciamento, reduziu o número máximo de pessoas para 600, o que corresponde a 20% da capacidade total.
Neste sábado (21), o local promove o primeiro show nos novos moldes. Artistas de funk e pagode irão se apresentar para um público que estará distribuído em mesas de quatro lugares, com o uso obrigatório de máscaras.
"Vamos deixar o evento acontecer no período da tarde. Queremos manter esses horários controlados para sentir como vai ser", diz o diretor comercial do espaço, Leandro Moran, sobre o show, que começa às 16h com ingressos a partir de R$ 50.
Moran afirma que a dinâmica para o novo formato, com 20% do público, demanda planejamento. Segundo ele, é preciso que o ingresso seja um pouco acima do valor cobrado anteriormente e que praticamente todos sejam vendidos, para que a realização do show compense para o espaço e para o artista.
"Tem gente com medo e e que prefere não sair, o que é natural. Com a vacinação, a sensação de segurança vai mudando. A nossa expectativa é para uma retomada forte do setor", complementa.
O Grupo São Paulo Eventos, responsável pelo funcionamento de três grandes casas, Villa Country, Espaço das Américas e Expo Barra Funda (todos na zona oeste), tem shows programados para os próximos meses.
A modalidade de distribuição do público varia de acordo com o espaço e o tipo de apresentação. No Espaço das Américas, na Barra Funda, o show do cantor pernambucano Alceu Valença acontece no dia 25 de setembro com o público sentado em mesas de quatro ou seis lugares.
Já na casa sertaneja Villa Country, também na Barra Funda, são oferecidos camarotes privativos em pé para seis pessoas nos shows das duplas Zé Neto e Cristiano e Barões da Pisadinha, ambos em setembro.
A venda dos ingressos é feita para mesa ou para o camarote completo, não é possível adquirir entradas individuais, já que o objetivo é manter próximas somente pessoas do mesmo convívio social. O uso de máscaras é obrigatório, com checagem de temperatura e venda de alimentos e bebidas direto nas mesas.
Vontade de frequentar eventos é maior
Um levantamento feito em julho pela Abrape (Associação Brasileira de Promotores de Eventos) indica um aumento na intenção das pessoas em ir a eventos.
A pesquisa foi realizada com uma amostra de brasileiros entre 18 e 55 que costumavam frequentar eventos pagos antes da pandemia. Destes, 64% afirmaram ter intenção de retornar a frequentar eventos em geral e 51% pretendem retornar especificamente aos shows e festivais.
"Hoje, nós temos dois terços das pessoas que iriam em eventos agora, se estivessem permitidos. O grande resumo da pesquisa é que as pessoas sentem falta dos eventos", explica Doreni Caramori Júnior, presidente da associação.
De acordo com as conclusões da pesquisa, a adoção de testes e necessidade de comprovantes de vacinação pode auxiliar a adesão do público.
Setor de eventos corporativos espera retomada
Feiras corporativas, convenções e congressos também podem ser realizadas sem restrições de capacidade de público e horário. O diretor de operações da GL events, Daniel Galante, vê o retorno de eventos de negócios como uma importante maneira de movimentar a economia.
"Voltando a operar, o setor vai criar empregos para muita gente, seja para a economia formal, que inclui as empresas contratadas e pessoas que trabalham diretamente no evento, ou para o mercado informal, como vendedores e flanelinhas", defende.
A GL events é responsável pelo São Paulo Expo, centro de convenções e exposições no Jabaquara (zona sul). Ainda neste semestre, estão programadas eventos de categorias variadas, como salões náuticos e feiras de empresas do mercado de pets e de cosmética.
Além do distanciamento, máscaras e álcool em gel, Galante explica os eventos corporativos contarão com público reduzido, credenciamento digital e devem privilegiar estandes abertos. Os visitantes das feiras devem responder a um questionário sobre sintomas e podem ser impedidos de entrar caso apresentem suspeita de Covid-19.
"Vamos evitar qualquer tipo de ação que possa gerar aglomeração, como por exemplo, trazer um artista famoso para dar autógrafos. Por mais que o público goste, não iremos fazer", diz o diretor.
William Andrade, proprietário da Doble Comunicação e Eventos, explica que ainda há receio entre seus clientes. A empresa trabalha com convenções, estandes em feiras, viagens corporativas e eventos em geral. "Eu fazia festa de fim de ano para 3.000 pessoas e esses clientes ainda não estão se arriscando", explica.
Segundo Andrade, há um planejamento sendo feito em relação aos estandes de feiras. Para evitar aglomerações, a dinâmica dos espaços está sendo montada para ter a menor circulação de pessoas possível.
"Tenho amigos na área de eventos que acham que conseguiremos fazer muita coisa, mas eu mais contido na projeção. Acredito que este ano vai ser melhor que o ano passado, mas ainda será devagar", afirma.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.