Justiça autoriza Suzane Richthofen a sair da cadeia para estudar no interior de SP

Apesar da liberação, ela ainda não frequenta as aulas, segundo sua advogada

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São Paulo

A Justiça de São Paulo autorizou Suzane von Richthofen, 37 anos, a sair da penitenciária feminina de Tremembé (147 km de SP), onde cumpre pena pelo assassinato dos pais, para que possa iniciar a graduação em Farmácia em uma faculdade em Taubaté (140 km de SP). Ela foi condenada a 39 anos de prisão, em 2006, pelo homicídio de Manfred e Marísia von Richthofen, quatro anos antes.

Suzane está na Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrasia Pelletierde, em Tremembé, desde em 2 de fevereiro de 2017. A história dela foi publicada em livro e também é contada em dois filmes até o momento.

A decisão foi publicada no último dia 10 e é assinada pelo desembargador José Damião Pinheiro Machado Cogan, da 5ª Câmara de Direito Criminal do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo). O curso ao qual Suzane foi autorizada a frequentar começou em 16 de agosto deste ano.

No pedido para que sua cliente pudesse estudar, a advogada Jaqueline Beatriz Ferreira Domingues argumenta que Suzane está no regime semiaberto, conta com histórico de bom comportamento, além de ter conquistado sua vaga no curso superior por meio do Enem.

Ao Agora, a defensora afirmou que, apesar de autorizada, Suzane ainda não começou a ir às aulas. Sobre a decisão da Justiça, a advogada acrescentou que, no momento, "não há nada a falar".

O MP-SP (Ministério Público de São Paulo) se manifestou contra os estudos presenciais de Suzane, alegando que "a segurança da paciente não poderia estar garantida", além de destacar o fato de as aulas terem começado na segunda quinzena de agosto. Apesar das alegações da Promotoria, a Justiça autorizou a saída de Suzane, para que frequente as aulas.

O TJ-SP determinou que Suzane possa ficar fora do sistema prisional entre 17h e 23h55. O pedido para que ela pudesse frequentar as aulas foi protocolado por sua defesa em 12 de agosto.

Essa não é a primeira vez que Suzane tenta frequentar um curso superior. Ela foi autorizada, também por meio de uma decisão judicial, a estudar em 16 de junho de 2016. O curso que seria frequentado, porém, não é mencionado pela Justiça.

Suzane acabou não frequentando as aulas na ocasião, ainda segundo o TJ-SP, por causa de sua "situação econômica".

Presa em novembro de 2002, Suzane está desde 2015 no regime semi-aberto, no qual a execução da pena é realizada em colônias agrícolas, industriais ou em estabelecimentos similares.

A SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) afirmou que, até o momento, a direção da penitenciária Feminina "Santa Maria Eufrásia Pelletier" de Tremembé "não foi comunicada da decisão judicial."

A Promotoria não se posicionou sobre a autorização dada pela Justiça à Suzane até a publicação desta reportagem

RELEMBRE O CASO

Segundo a versão da polícia e da acusação, Manfred e Marísia von Richthofen foram assassinados no dia 31 de outubro de 2002, quando dormiam em sua casa, no bairro do Brooklin (zona sul da capital paulista).

Suzane, seu namorado na época, Daniel Cravinhos, e o irmão dele, Cristian Cravinhos, entraram na casa em silêncio. Os irmãos subiram as escadas com Suzane, que os avisou que os pais dormiam. Então, os irmãos desferiram golpes de barra de ferro contra Manfred e Marísia. Após matarem o casal, os dois cobriram os corpos com uma toalha molhada e sacos plásticos.

A biblioteca foi desarrumada para simular um latrocínio. Também foram levados cerca de US$ 5.000, R$ 8.000 e joias do casal. O dinheiro ficou com Cristian, que acabou usando uma parte do montante para comprar uma moto.

Ao deixarem o local do crime, Daniel e Suzane seguiram para um motel em São Paulo, enquanto Cristian foi a um hospital para visitar um amigo. Depois de algum tempo, Daniel e Suzane foram ao encontro de Andreas von Richthofen, irmão da jovem, que havia sido deixado por Daniel em um cibercafé. Chegaram em casa, e então Suzane ligou para a polícia informando do crime.

No decorrer das investigações, a delegada responsável pelo inquérito, Cíntia Tucunduva, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), suspeitou do comportamento de Suzane e Daniel, que protagonizavam cenas de amor mesmo diante da tragédia, de acordo com a delegada. No dia 8 de novembro de 2002, Suzane e os irmãos Cravinhos confessaram, em interrogatório à delegada, o assassinato do casal Richthofen.

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