Voltaire de Souza: É com esse que eu vou

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Voltaire de Souza

Valores. Princípios. Convicções.
Cai a popularidade do presidente.
Mas o agronegócio continua firme.
—Ele é o nosso mito.
O fazendeiro Tonho do 45 discordava.
—O Bolsonaro anda me desapontando muito.
Avanços. Recuos. Bravatas.
—Tinha de dar o golpe de uma vez, pô.
Ao longe, a queimada avançava sobre o que restava da mata.
—Passa a motosserra nesse tribunal aí.
O calor aumentava.
—E ainda inventam essa coisa de mudança no clima.
Tonho sorriu.
—Clima, aqui, é um só.
Ele segurava a carabina.
—Clima quente. Tempo em que a cobra cospe fogo.
Crise hídrica. Ameaça de apagão.
—Apagão sim. Em cima da indiarada.
O capataz Ranieri chamou Tonho para ver o pasto.
—Tudo seco, seu Tonho. Parece um deserto.
Areia. Sol. Secura.
Da boleia do caminhão, Tonho enxergou uma figura barbada.
O turbante. O fuzil. O camelo.
—Deus acima de todos.
Tonho ficou na dúvida.
—O senhor seria quem exatamente?
Era o xeique Sohmin Sehr Al-Sahid.
Poderosa liderança do talibã.
Tonho se entusiasmou.
—Chega de frouxo. É com esse que eu vou.
Tanques ajudam os ditadores.
Mas, por vezes, há areia demais para um só caminhãozinho.

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