Descrição de chapéu Folhajus

Júri absolve PM suspeito pela morte de jovem na zona sul de SP

Promotor Neudival Mascarenhas pretende recorrer da absolvição

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São Paulo

O 1º Tribunal do Júri da Capital absolveu no final da noite desta quarta (13) o sargento da Polícia Militar Adriano Fernandes de Campos, 43 anos, um dos suspeitos pelo sequestro e morte do adolescente Guilherme Silva Guedes, 15, em junho do ano passado, na zona sul de São Paulo. O réu foi inocentado por maioria dos sete jurados.

Segundo a sentença de absolvição, não há prova suficiente para a condenação do policial, que estava detido no Presídio Militar Romão Gomes, na Vila Albertina (zona norte da capital paulista). A Justiça determinou que fosse expedido, com urgência, o alvará de soltura de Campos. Segundo seu advogado, o criminalista Mauro Ribas, o sargento já seguia para casa, após ter deixado a cadeia por volta das 15h30 desta quinta-feira (14).

Procurado, o Ministério Público, que pedia condenação de Campos pelo homicídio, afirmou que o promotor Neudival Mascarenhas "recorreu ontem mesmo, oralmente, após o final do julgamento". O órgão também detalhou que Mascarenhas prepara as razões da apelação, para juntada aos autos.

O adolescente foi levado da frente da casa de sua avó, na Vila Clara, nas primeiras horas da madrugada de 14 de junho, e teve o corpo encontrado no cruzamento da avenida Alda com a travessa da Saúde, no bairro Eldorado, no limite entre São Paulo e Diadema. Ele foi baleado duas vezes no cabeça.

De acordo com Ribas, durante o julgamento foram apresentadas novas provas, uma delas que mostraria um outro homem, não identificado, junto a Guilherme. "A gente apresentou, por exemplo, uma situação que ninguém esperava, que foi o Guilherme saindo antes do ocorrido, com um suspeito que não foi investigado". Outro ponto levantado por Ribas é que a defesa apresentou, "junto com as provas periciais, que era impossível o Adriano estar lá em Diadema e estar na avenida Cupecê praticamente ao mesmo tempo".

Ribas explicou que o sargento pode retomar as atividades como policial militar assim que solto, no entanto, o advogado acha mais provável que ele siga fora das ruas, já que responde processo administrativo dentro da própria corporação pela morte do jovem. Campos também é investigado pela PM por ser o possível proprietário da empresa Campos Forte Portarias, o que é vetado por lei.

De acordo com Ribas, o caso da empresa foi uma situação extremamente mal explicada pela investigação, já que empresa não é do sargento, mas do pai dele e de um irmão falecido, vítima de câncer, um ano antes do policial militar ser preso. "O irmão faleceu, o pai pediu ajuda para o Adriano para tocar a empresa, já que é de idade. Ele não assina pela empresa, a empresa não é dele. Ele não faz a gerência dos funcionários. Ele só estava dando um apoio para o pai dele".

Guilherme Silva Guedes, 15 anos, foi encontrado morto, após ser abordado por dois homens armados na zona sul de SP, na madrugada de 14 de junho - Arquivo Pessoal

De acordo com a investigação, imagens captadas do ponto onde o adolescente estava indicaram a presença de Campos, que à época estava lotado no 6° Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) de São Bernardo do Campo (na Grande São Paulo).

O advogado criminalista Mauro Ribas, que defende o sargento, havia afirmado antes do julgamento que o seu cliente não cometeu o crime e era inocente.

A morte do garoto provocou dois dias de protestos, com ônibus queimados e vandalizados.

Segundo as investigações da DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), que deram base à denúncia do Ministério Público contra o policial, na noite de 13 de junho alguns garotos invadiram um canteiro de obras na rua Álvaro Fagundes, espaço em que a segurança estava sob responsabilidade da Campos Forte Portarias, empresa da qual o sargento seria um dos sócios.

Assim que tomou conhecimento sobre a invasão, de acordo com a denúncia, o sargento teria, junto com o ex-PM Gilberto Eric Rodrigues, que atuava como vigilante, iniciado uma busca a pé nas ruas no entorno do galpão para encontrar os garotos. Ao chegarem à rua Rolando Curti, teriam abordado Guedes, que havia deixado a casa onde morava com a avó há pouco tempo e nada tinha a ver com a invasão.

Como Rodrigues estava foragido, o processo pela morte de Guedes foi desmembrado. Com isso, Rodrigues ainda deve passar por uma audiência de instrução. em 17 de novembro, antes da decisão se vai ou não para júri popular. ​

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