Crença. Torcida. Superstição.
A moda cresce no futebol brasileiro.
Espalhar sal grosso no campo.
O milionário J. P. do Prado andava decepcionado com o seu time.
—O São Paulo. Tristeza.
Talvez fosse o caso de experimentar a simpatia.
O sobrinho dele tinha 12 anos.
—Tenta, tio. O que é que custa?
J. P. tinha fazendas de gado no Mato Grosso.
—Dá para trazer de jatinho, tio.
Mas era preciso ter provas. Evidências.
—Sempre fui adepto da ciência.
J. P. resolveu testar com um time local.
O Zebuano Futebol Clube.
—O campo é novinho.
Ele tinha acabado de desmatar.
O sal grosso foi espalhado na linha do gol.
O goleiro se chamava Jondir.
—Maravilha, seu J. P.
O jogo começou parado. Rotineiro. Vagaroso.
Jondir resolveu verificar.
—Será que é sal grosso mesmo?
Provou com a ponta da língua.
Deu-se a revolução.
Jondir avançou no campo adversário com ímpetos de motosserra.
Seis gols em seguida.
O segredo revelou-se depois.
Cocaína. Misturada no sal grosso.
J. P. dá bronca nos funcionários.
—Confundiram as sacas, pô. Isso era para exportação.
Nossos craques vão para outros países.
Outras drogas também.
Voltaire de Souza: A ciência explica
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