Fé. Romaria. Procissão.
Ainda há muitos católicos no Brasil.
Dia de Nossa Senhora Aparecida.
Padre Pellozzi organizava a excursão.
O caminho era a Dutra.
A van era de um conhecido líder comunitário.
O Zuzinha Pacotão.
Chefe do tráfico e do transporte clandestino.
—Faço tudo de graça para o senhor, padre.
Cerca de 15 fiéis se amontoaram no veículo.
Zuzinha e o motorista Morvan ocuparam os bancos da frente.
—Uma coisa, padre. Não tolero cantoria.
—Ma claro. Aqui non tém evandjélico.
A van passou por Aparecida em alta velocidade.
—Ma Dzudzinha. Tinha de parare aqui.
—A gente vai dar uma passadinha antes no Rio de Janeiro.
Muitos caixotes foram coletados numa comunidade da zona oeste.
Zuzinha deu instruções para os romeiros.
—Qualquer coisa, diz que é hóstia.
Mas na barreira policial a hora foi de pânico.
Zuzinha e Morvan venceram o desafio na base da metralhadora.
—Miracolo. La polizia non mató ninguém.
As metralhadoras de Zuzinha e Morvan já foram batizadas.
—Esta é a Cida. E a outra é a Lurdinha.
Na fé, a comunidade se fortalece.
Só que, por vezes, é cada um por si e Deus por todos.
Voltaire de Souza: Deus por todos
Voltaire de Souza
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