A cidade de São Paulo registrou nesta quinta-feira (3) o menor número de pacientes internados por Covid-19 na rede municipal de saúde, desde que a prefeitura passou a divulgar boletins com pessoas hospitalizadas com a doença em leitos de enfermaria e de UTIs (Unidades de Terapia Intensiva), em abril do ano passado.
Segundo o informativo divulgado pela gestão Ricardo Nunes (MDB) no início da noite desta quarta (3), 339 pessoas estavam internadas por causa de Covid-19 na rede municipal. Nesta quinta (4), esse número baixou para 328, sendo 177 em UTI e 151 em enfermaria.
O primeiro boletim com dados de internações pela doença foi divulgado pela prefeitura em 7 de abril de 2020, na sequência de a pandemia ser decretada, em meados de março, e pouco mais de um mês após a confirmação do primeiro caso no país, o de um homem de 61 anos, morador na capital, que havia viajado para a Itália e acabou hospitalizado. O documento apontava nove internados em enfermarias, mas ainda não registrava hospitalizações em UTIs.
Para o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, a queda nos números é fruto de uma combinação de fatores, mas, principalmente, por causa da vacinação. De acordo com a pasta, 94,6% da população adulta já está imunizada com a segunda dose ou a única na cidade.
"Primeiro foi a adesão maciça às medidas sanitárias, como o uso de máscara e de não aglomeração nos momentos corretos, e depois o sucesso na vacinação", afirmou.
"Tudo isso permitiu que se chegasse aos números de internações de hoje, mesmo reduzindo os leitos de UTI na capital", disse —atualmente são 1.144 leitos na rede municipal para pacientes com o novo coronavírus contra quase 2.500 em abril passado.
Jamal Suleiman, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, também aponta que a retração no número de mortes e de pessoas internações é uma conquista que veio graças à vacinação. "A queda tem relação direta com a imunização, com o avanço da vacinação no estado e na cidade de São Paulo", afirmou.
Mas ele levanta um outro fator como sendo de extrema importância para o enfraquecimento da doença em São Paulo. "Paralelamente, está um outro pilar que é o que a população aprendeu, o uso da máscara de proteção. É muito legal ver como uma boa parte da população entendeu a importância do uso da máscara."
Suleiman afirma que o uso de máscara deve ser mantido por mais algum tempo, ainda que a flexibilização ocorra, porque a doença apenas foi minimizada, ela não desapareceu.
No próximo dia 10, a secretaria deve divulgar os resultados de um novo rastreamento de casos da doença, que pode ser decisivo para flexibilização do uso de máscara. O governo estadual projeta para 1º de dezembro a possibilidade de mudança na obrigatoriedade do item de proteção.
"A gente está conhecendo melhor a dinâmica do vírus e as vacinas dão proteção para as variantes que nós conhecemos. Mas o uso da máscara é fundamental para evitar ou minimizar a emergência de novas variantes", afirmou o infectologista.
O médico se disse feliz com a flexibilização porque ela é resultado de dois anos de trabalho de profissionais de diversas áreas, mas alerta que a população deve agir com bom senso.
"Vi o jogo do Corinthians nesta semana e a maioria das pessoas estava sem máscara. Isso não pode acontecer, não é hora para isso. Se você for sair, for em algum lugar que tenha aglomeração, use máscara", afirmou.
Suleiman ainda recomenda a manutenção da higienização das mãos. "Este hábito evita, não só a Covid-19, mas também outras doenças. O número de pessoas com pneumonia ou gripe, por exemplo, diminuiu substancialmente por causa desses cuidados", disse.
Cronologia
As internações em unidades de terapia intensiva por Covid-19 na rede municipal foram incluídas nas estatísticas em 16 de abril do ano passado, quando 580 pessoas estavam hospitalizadas, sendo que 369 em enfermaria e outras 211, em UTIs.
Na sequência, os números dispararam. Um mês depois, em 16 de maio de 2020, a mesma rede municipal somava 1.497 internados com o novo coronavírus, sendo que 385 em UTIs e 1.112 em enfermarias.
No auge da doença, com o avanço de casos provocados pela variante de Manaus, em 2 de abril deste ano os leitos de UTIs tinham 1.110 pessoas internadas e os de enfermaria, outros 963 pacientes. Nesta data, a taxa de ocupação de unidades de terapia intensiva estava em 92% contra 33% de hoje.
A partir daí, as internações começaram a diminuir, até se atingir 343 hospitalizações na rede pública em 1º de setembro passado e cair para os 339 internados desta quarta-feira.
A queda ocorre em leitos públicos e pagos. Conforme dados disponibilizados pela prefeitura, 1.083 pessoas estavam internadas com Covid-19 nesta quarta nas redes públicas municipal (339) e estadual (267), e na particular (477) da capital, contra quase 11 mil hospitalizados em 25 de março de 2021, quando o pico da onda estava maior.
Segundo o boletim divulgado na noite desta quinta, a cidade somava 38.794 mortes provocadas pela doença. Em abril deste ano, na segunda onda do vírus, foram 55 óbitos apenas entre os dias 2 e 3.
O secretário Aparecido lembrou que nos últimos dias 30 e 31 de outubro e 1º de janeiro, a cidade teve o registro de uma morte por dia pelo novo coronavírus.
Ao todo, a capital paulista confirmou 1.538.390 casos de Covid-19 até a noite desta quinta-feira.
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