Voltaire de Souza: Poltrona reservada

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Voltaire de Souza

Caos. Revolta. Depredação.
No aeroporto de Guarulhos, o consumidor dá o seu recado.
Guichês de uma companhia aérea são destruídos na cacetada.
A socialite Bibi Abdala dava um suspiro.
—Essa classe média não aprende nunca…
Sua simpática cadelinha poodle se chamava Tiffany.
—Grrr… wák, wák.
Bibi tinha convicções claras.
—Por que é que eles não viajam de jatinho?
—Wák, wák.
—Pegam uma companhia aérea de segunda linha…
A tarde caía mansamente no jardim da cobertura.
—E querem serviço de primeiro mundo.
Tocou o telefone.
O serviço platinum do banco trazia más notícias.
—O dólar subiu de novo, Bibi.
—E daí?
—Furou o teto de gastos…
A socialite se irritava.
—Ora, vocês que resolvam isso.
O mau humor tinha se agravado depois do pilates.
—Estou tão cansada…
Ela desabou sobre a pesada poltrona colonial.
—Mff. Mff.
O ganido de Tiffany veio abafado.
Fratura de costelas na delicada cachorrinha.
—Ai, Tiffany? Sentei em cima de você?
Os pets merecem nossa atenção.
Mas a vida doméstica é como um voo internacional.
Quem procura conforto não pensa em quem está por baixo.

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