Capitalização reduz à metade teto do benefício, diz especialista
Regra proposta na reforma faria renda média de quem contribuiu pelo teto cair para R$ 2.475
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A capitalização proposta na reforma da Previdência pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) resultaria em uma aposentadoria com menos da metade do valor do benefício pago hoje pelo INSS para trabalhadores que contribuem sobre o teto previdenciário, segundo cálculos do especialista Newton Conde.
"O benefício seria de 45% do que é pago pela Previdência hoje", disse o consultor especializado em cálculos atuariais, que participou nesta sexta (10) do debate sobre a reforma da Previdência promovido como parte das celebrações de aniversário de 20 anos do Agora. O evento também marca a reforma gráfica do jornal, lançada nesta sexta.
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No exemplo citado pelo especialista, um trabalhador que desde julho de 1994 fez 80% das suas contribuições pelo teto do INSS —que neste ano é de R$ 5.839,45— tem direito a uma aposentadoria de aproximadamente R$ 5.500 no atual sistema. Na capitalização, o valor do benefício cairia para R$ 2.475.
A presidente do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário) e vice-presidente da Comissão de Direito Previdenciário da OAB-SP, Adriane Bramante, também presente ao evento organizado pelo Agora, destacou durante o debate que as pessoas precisam conhecer detalhes da reforma da Previdência, como é o caso da capitalização, antes de se posicionarem contra ou a favor o projeto do governo.
"Parece ótima a ideia de que na capitalização você vai fazer a sua própria poupança para se aposentar, mas não é assim tão simples", disse Adriane.
Para quem paga o INSS sobre o salário mínimo (R$ 998, neste ano), o rendimento da capitalização resultaria numa renda de aproximadamente R$ 600, segundo Conde. "Mas isso não vai acontecer porque o texto da reforma garante o pagamento do piso", comentou.
Adriane e Conde defenderam, porém, a capitalização como uma possibilidade de complemento das aposentadorias para trabalhadores com renda acima do teto previdenciário.
Os especialistas ainda criticaram a falta de detalhes sobre como funcionará a capitalização, cujas regras serão definidas por lei complementar.
Na sua proposta de reforma da Previdência, a equipe econômica de Bolsonaro apenas propõe um regime de capitalização para quem começar a contribuir após a aprovação da medida.
Detalhes como a forma de gestão dos valores aplicados, que poderá ser realizada pelo governo ou por instituições privadas, não estão determinados na proposta.
Além dos palestrantes Adriane Bramante e Newton Conde, participaram do bate-papo o editor responsável do Agora, Fábio Haddad, e a coordenadora-assistente de Grana, Cristiane Gercina.
Os leitores presentes ao evento puderam tirar dúvidas com os especialistas. Entre as questões, foram abordados temas como as novas regras propostas na reforma, a judicialização dos assuntos previdenciários e a transição para a idade mínima no caso de quem já está contribuindo.
O debate marcou a estreia do novo projeto gráfico do Agora, uma atualização no visual da publicação que facilitará a experiência do leitor. “É um dia especial para nós, pois este é o primeiro novo projeto gráfico em oito anos”, destacou Haddad.