Em São Paulo, 300 famílias ficam 5 dias abrigadas em escolas por causa da chuva

Moradores da região do Jardim Pantanal, na zona leste, disseram que não tinham para onde ir

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São Paulo

Famílias do bairro Chácara Três Meninas, no Jardim Helena, região do Jardim Pantanal, extremo da zona leste, que tiveram casas e barracos invadidos pela água do rio Tietê, na enchente da última segunda-feira (10), ocuparam duas escolas públicas em busca de abrigo.

Após oito horas literalmente dentro da água e com os móveis e os alimentos boiando, parte dos moradores se dividiu entre a Escola Estadual Hector Tavares e a Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Murures. Forçosamente, as unidades públicas tiveram as aulas suspensas nesta semana.

Entre os dois locais, cerca de 300 famílias improvisaram para dormir e comer, segundo o aposentado e líder comunitário Cristovão de Oliveira, 56 anos. Nesta sexta-feira (14), logo pela manhã, começaram a deixar as escolas e voltar para as casas ou ao que restou delas, uma vez que a água baixou ao menos nas ruas, para limpeza dos locais e retomada das aulas na segunda (17).

"Algumas pessoas não têm para onde ir", afirma Oliveira, morador no bairro há cerca de 40 anos.

A desempregada Renata de Sá Carvalho, 38, mãe de duas crianças, 6 e 11 anos, viu seu barraco ser destruído pela segunda vez. "A água subiu muito rápido. Perdi alimentos, roupas, documentos, eletrodomésticos e móveis", conta.

Renata, junto dos filhos, se abrigou na escola estadual, onde a menina de 11 anos estuda. "Ficamos na água das 10h às 18h, sem qualquer ajuda. Depois fomos para a escola e só saí hoje [sexta] cedo", afirma.

Sem casa, Renata se beneficiou da generosidade de Deneide Silva, 55 anos, mãe de 11 filhos, que cedeu um cômodo de alvenaria para a colega se abrigar, provisoriamente. "Estou limpando e organizando as roupas doadas", diz Renata, agradecida.

A maioria das pessoas que reside no bairro mora à beira do curso d`água do Tietê, exatamente em área de risco frequente.

A dona de casa Fabiana Maria da Silva, 30 anos, também ficou alojada na escola estadual, ao lado da filha, 9 anos. "Só consegui salvar o fogão", diz a moradora da comunidade Terra Prometida.

O filho de Rosimeire Radiante, 53 anos, é um dos alunos da escola estadual. Com a chuva, ela conta que perdeu móveis, colchão, mantimentos e utensílios de cozinha. Ao todo, sete pessoas da família, entre elas, cinco crianças, permaneceram na unidade de ensino nos últimos dias.

As famílias se acomodaram nas salas de aulas das escolas. As refeições ocorriam nos pátios, segundo os moradores. Muitos voluntários se revezaram para, entre outras coisas, preparar a comida.

Caso da promotora de vendas Renata Ferreira, 33 anos, que até perdeu o celular enquanto tentava ajudar. "Haverá um mutirão de limpeza aqui na escola neste sábado aqui na escola para início das aulas", afirma.

Resposta

A Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), diz, em nota, que cinco tendas sociais foram montadas na última quinta-feira (13), na região de São Miguel Paulista (zona leste), para atendimento da população atingida pelas chuvas.

Os espaços, segundo a gestão, foram instalados em pontos estratégicos da região, como Chácara Três Meninas, Vila Seabra, Jardim Pantanal, Jardim Novo Horizonte e Vila Itaim.

Com funcionamento das 9h às 18h, as tendas contam com 16 profissionais, entre GCM (Guarda Civil Metropolitana), Defesa Civil, Assistência Social e Saúde. Os moradores têm acesso a itens de higiene pessoal e limpeza, banheiros químicos e água.

E também poderão efetuar o cadastro da Assistência Social para receber cestas básicas, colchões e cobertores, além de ter acesso a vacinas e outros itens de saúde. "A medida poderá ser expandida para outros locais, caso seja necessário, afirma a prefeitura.

A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social diz que desde segunda-feira mais de 3.200 família afetadas pelas chuvas em São Miguel Paulista, sendo 2.683 cadastradas na quinta-feira (13) em mutirão na região.

A prefeitura diz ainda que oferta colchões, cobertores, cestas básicas e kits de higiene, que continuarão sendo distribuídos. "Em toda a cidade, foram atendidas 4.115 famílias atingidas pelas enchentes. Destas, apenas uma pessoa aceitou acolhimento."

Já a Secretaria Municipal de Educação afirma que as famílias estão desocupando a Emef Mureres e que segunda-feira (17) as aulas serão retomadas. Todas as turmas (1° ao 9°) terão reposição.

A Secretaria de Estado da Educação, gestão João Doria (PSDB), diz , em nota, que a direção da Escola Estadual Heckel Tavares acolheu durante esta semana na unidade, alunos, familiares e demais moradores do bairro que tiveram suas casas prejudicadas pelas fortes chuvas.

A pasta afirma ainda que a escola foi desocupada nesta sexta-feira (14) e passa por limpeza, afim que as aulas sejam retomadas na segunda-feira (17). Todo o conteúdo pedagógico perdido será reposto.

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