Seis anos após o início da crise hídrica que atingiu o estado de São Paulo, as represas que abastecem a Grande São Paulo apresentam níveis elevados de armazenamento --próximos de suas capacidades totais.
Dos sete reservatórios, dois estão com mais de 100% de volume armazenado: Rio Claro e São Lourenço. Outros quatro estão perto de atingir sua totalidade: Alto Tietê, Guarapiranga, Cotia e Rio Grande.
Segundo especialistas, a situação dá certa tranquilidade para o período de estiagem, a partir do próximo mês de abril.
Com base nesses dados, o professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Antonio Carlos Zuffo, especialista em recursos hídricos, avalia que a situação do abastecimento é considerada "tranquila". "Ainda estaremos no período chuvoso até março", diz.
O professor Jefferson Nascimento de Oliveira, da Faculdade de Engenharia da Unesp (Universidade Estadual Paulista), concorda, mas alerta que é preciso não ter sobrecarga na demanda pela água do sistema Cantareira, que está com 52,6% de sua capacidade.
Marco Antonio Lopez Barros, superintendente de Produção de Água da Metropolitana da Sabesp, da gestão João Doria (PSDB), afirma que o Cantareira abastece 7,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo, o equivalente a pouco mais de um terço do total.
Barros não considera haver sobrecarga, já que o manancial possui uma capacidade superior aos demais --o Cantareira está com 516,1 bilhões de litros de água armazenados. Os outros seis, somados, chegam a 859,3 bilhões.
"Não teria sentido comprometer os demais simplesmente por eles estarem com percentuais mais elevados de armazenamento."
Mesmo assim, ele afirma que, em caso de necessidade operacional, é possível fazer manobras técnicas para que um reservatório transmita água para outro.
Sem riscos
Apesar de seis dos sete reservatórios que atendem a Grande São Paulo estarem perto de suas capacidades totais, a Sabesp afirma que a situação não configura riscos de transbordamento ou rompimento de barragens.
Barros, diz que as represas têm sistemas para dar segurança às barragens, mesmo quando se atinge o nível máximo.
Entre esses dispositivos estão os chamados vertedouros, que são responsáveis por fazer a vazão da água das represas para os rios que estão conectados. Assim, o nível de água é reduzido gradativamente.
Ainda segundo Barros, os procedimentos de vazão não geram risco de inundações às comunidades que vivem próximas a esses rios. "Não tem risco de transbordamento porque o uso dos vertedouros é feito de maneira ordenada", afirma o superintendente.
Especialista em recursos hídricos, o professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Antonio Carlos Zuffo avalia que o risco relacionado ao excesso de água é "quase nenhum para os próximos 12 meses".
Represas - como estão os níveis (%)
Sistema | 2014 | 2015 | 2016 | 2017 | 2018 | 2019 | 2020 |
Cantareira | 18,8 | -22,4 | 18,4 | 62,5 | 51 | 44,6 | 52,6 |
Alto Tietê | 40,6 | 13,3 | 28,6 | 53,9 | 58,9 | 62,8 | 86,4 |
Guarapiranga | 61,8 | 55,2 | 81,1 | 79,2 | 73 | 79,7 | 84,9 |
Cotia | 55,4 | 34,3 | 100 | 100 | 87,8 | 50,8 | 98,9 |
Rio Grande | 88,7 | 79,9 | 86,6 | 93,7 | 80,8 | 88,4 | 98,3 |
Rio Claro | 89,9 | 31,8 | 81,5 | 101,7 | 86,3 | 104,8 | 100,9 |
São Lourenço* | -- | -- | -- | -- | 15,8 | 72,7 | 100,8 |
Total armazenado | 33,7 | 3,8 | 35,6 | 65,5 | 55,9 | 57,2 | 70,7 |
* O Reservatório São Lourenço foi inaugurado em abril de 2018
Fonte: Sabesp
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