Greve é suspensa, mas metrô tem manhã caótica

Nas primeiras horas do dia, estações permaneceram fechadas; houve aglomeração

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Fábio Munhoz
São Paulo

As estações do metrô de São Paulo começaram a terça-feira (28) com superlotação, filas e desorganização. Os metroviários haviam anunciado uma greve que atingiria quatro linhas ao longo do dia, mas desistiram da paralisação ainda de madrugada, após acordo.

A previsão era de que as estações abrissem às 6h. Porém, o serviço só começou, de fato, às 6h30, o que provocou acúmulo de pessoas e desrespeito ao isolamento social. Em algumas estações, principalmente as das linhas 1-azul e 2-verde, a operação foi iniciada perto das 7h.

Na estação Corinthians-Itaquera (linha 3-vermelha), passageiros se aglomeravam em frente ao portão de entrada para o metrô, enquanto aguardam o início do serviço. No Jabaquara (linha 1-azul), houve concentração de pessoas do lado de fora da estação.

Para evitar problemas nas plataformas durante a manhã, funcionários do metrô retiveram parte dos passageiros no portão, efetuando a liberação a entrada somente depois do embarque anterior.

Usuários esperam abrir a entrada do metrô em Itaquera - Rivaldo Gomes/Folhapress

A demora na abertura das estações fez com que muitos usuários do sistema metroviário chegassem atrasados a seus compromissos. "Moro em Itaquera e trabalho na avenida Angélica [região central]. Vou esperar abrir o metrô. Não vou me arriscar no trem, porque lá é zero distanciamento", comentou a faturista Mariana Gomes da Silva, 32.

A auxiliar oftalmológica Drielly Santos, 33, também aguardou pelo início do serviço. "Achei que fosse abrir às 6h. Mas já são 6h20 e, até agora, nada", lamenta. Ela diz apoiar as reivindicações da categoria, mas avalia que, em casos de greve, a população deveria ter outras opções para se deslocar rapidamente.

Os passageiros reclamam de falta de informações. Nos alto falantes, era informado apenas que o acesso estava sendo controlado, sem mencionar como está a situação em outras linhas e estações do metrô.

"O único jeito de acompanhar a situação das é pela internet do celular. Quem não tem acesso está perdido, porque aqui não estão informando nada", avaliou a enfermeira Amanda Olivieri, 28.

CPTM

Ainda na estação Corinthians-Itaquera, muitos passageiros optaram por embarcar na CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), que operou normalmente ao longo de todo o dia.

A assistente de farmácia Carolina Soares, 31, é uma das que optou por ir de trem. "Trabalho na [avenida Engenheiro Luís Carlos] Berrini [na zona sul] e vou chegar atrasada", lamentou. "Além disso, há o problema da aglomeração", acrescentou.

Negociações

A greve havia sido definida em assembleia da categoria, na noite desta segunda-feira (27). Altino Prazeres, coordenador do Sindicato dos Metroviários, afirma que 70% dos participantes aprovaram a paralisação. A assembleia contou com a participação de cerca de 3.000 metroviários.

De acordo com Prazeres, os profissionais não brigam por valores maiores, querem apenas receber o salário. "Queremos manter nosso salário", diz ele. O sindicalista entende que, a greve durante a pandemia pode fazer com que os ônibus fiquem mais lotados, mas faz um apelo à população e ao governo. "Pedimos que os trabalhadores conversem com seus patrões e fiquem em casa. E pedimos ao governo que nos atenda", afirma.

As negociações da categoria começaram em maio. A intenção dos funcionários era que a convenção de 2019/2020 seguisse válida durante o estado de pandemia. Para isso, desistiram de ter reajuste salarial. No entanto, o Metrô não aceitou, e a briga foi parar na Justiça

No dia 23, os metroviários receberam um comunicado do Metrô informando sobre um corte de nos salários nominais e nas gratificações de função referentes ao mês de julho. A redução anunciada foi de 10%.

Depois da assembleia da categoria, o Metrô enviou proposta mantendo a renovação da convenção coletiva de 2019/2020 para 2020/2021. A categoria se reuniu de madrugada e 80% dos 1.754 funcionários presentes optaram pela continuidade das operações e a não realização da greve.

O Metrô tem cerca de 8.500 funcionários, segundo o sindicato.

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