Rede municipal de ensino infantil em SP tem mais de 5.800 pedidos de matrícula na pandemia
Número é 28% maior que no mesmo período de 2019; secretário diz que é cedo para apontar migração
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A Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), recebeu 5.848 pedidos de matrícula para o ensino infantil entre maio e julho deste ano, durante a pandemia do novo coronavírus. O número é 28% maior do que as 4.561 solicitações feitas no mesmo período do ano passado.
O secretário municipal de Educação, Bruno Caetano, não atribuiu a procura pelo saída de alunos da rede privada. O grupo Escolas em Movimento estima o cancelamento de 30% a 40% das matrículas em escolas particulares de ensino infantil devido à pandemia. A previsão do grupo é de que essas crianças migrem para a rede pública.
“É preciso realizar uma análise profunda dos dados levantados até agora pelo meio digital antes de afirmar que de fato existe um aumento forte no número de alunos da rede particular migrando para a rede pública. Anualmente há um acréscimo no número de pedidos de matrícula nesse período do ano. O importante é que a Secretaria Municipal está se preparando para atender todos os estudantes advindos da rede privada ou não”, afirmou o secretário.
Segundo a Secretaria Municipal de Educação, do total de pedidos feitos pela internet neste ano, 4.472 foram para creche e 1.376 para Emei (Escola Municipal de Educação Infantil). No ano passado, no mesmo período, foram 3.580 solicitações para creche e 981 para Emei.
Caetano explicou que todas as solicitações de matrícula deste ano foram feitas pela internet porque, devido à quarentena imposta por causa do novo coronavírus, os pais não podem ir pessoalmente às escolas, que estão fechadas.
O portal de solicitação, segundo ele, é aberto inclusive para pais que queiram fazer a transferência da rede particular para a púbica. “Por enquanto, a demanda está crescendo, mas não é explosiva. Estamos atentos e por isso lançamos esse portal para as famílias fazerem o pedido de vaga”, afirmou Caetano
Fila em busca de vagas é de 28,5 mil na capital
O secretário municipal de educação Bruno Caetano disse que a demanda de creche deste ano será atendida em parte com 19 mil vagas que a prefeitura pretende criar até o fim do ano.
Além das mais dos 5.848 pedidos de vaga feitos na quarentena, a Secretaria Municipal de Educação registrava em junho deste ano uma fila de 22.732 crianças à espera por uma vaga em creche. Com isso, a fila na cidade ultrapassa o 28,5 mil.
“Esse número ainda é metade da fila que a gente tinha no ano passado, quando eram quase 50 mil, o que dá uma indicação não está havendo uma explosão de demanda, por enquanto.”
Algumas estarão disponíveis em setembro, com a inauguração de 12 creches, e em outubro, com a ampliação da parceria com unidades filantrópicas, caso as escolas sejam reabertas.
O governo também conta com a compra de 1.500 vagas em 56 creches privadas pré-cadastradas no programa Mais Creche criado no fim do ano passado.
Outra forma de diminuir a fila é permitir a matrícula de crianças que moram a até 4,5 quilômetros da creche com o fornecimento de transporte escolar. Nesta modalidade, serão 6.000 novas vagas.
Grupo diz que crise econômica deve provocar migração de alunos
O Escolas em Movimento, grupo que reúne cerca de 600 escolas particulares de ensino infantil na cidade de SP, estima que 30% a 40% das matrículas da rede privada serão canceladas devido à crise econômica.
Segundo o movimento, a previsão é de que 57 mil crianças devem procurar a rede pública a partir do ano que vem, pois os pais não terão mais condições de pagar as mensalidades.
“A prefeitura talvez tenha planos de resolver isso comprando vagas na rede privada [como previsto no programa Mais Creche e o projeto que está em discussão na Câmara]. Mas como a rede privada pode não retornar, há boas chances do fechamento de até 80% dessas escolas”, diz Ricardo Florêncio, que represa o grupo.
A Malabares Núcleo de Educação Infantil, localizada na Mooca (zona leste), é uma das escolas que corre o risco de fechar devido à debandada de alunos. Dos 27 matriculados, restam apenas oito, sendo que dois são bolsistas e os demais estão pagando valores reduzidos.
“Já suspendi o contrato das funcionárias e renegociei o aluguel. Não tenho como pagar mais nada”, afirmou Marisa Aparecida Santos, dona da escola.
Sobre o possível aumento na demanda a partir do ano que vem, Bruno Caetano diz que aguarda a procura no portal que foi lançado para o pedido de vaga.