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O número de reclamações relacionadas a árvores teve um aumento de 17,5% em setembro e outubro de 2020 na comparação com o mesmo período do ano passado, subindo de 456 para 536 registros. Os dados são da Ouvidoria da prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB).
Considerando os dez primeiros meses deste ano, foram 2.106 queixas relacionadas a árvores, o que colocou esse assunto entre os mais reclamados. Ou seja, a cada dia, quase sete registros sobre isso são feitos no órgão municipal. Esse número não quer dizer, necessariamente, que foram 2.106 árvores com problemas, já que um mesmo exemplar pode ter sido alvo de mais de uma ligação para a Ouvidoria.
De janeiro a outubro do ano passado, foram 2.894 protocolos oficializados. De 2019 para 2020, houve uma queda de 27,2%. Entre os dez temas que mais foram objeto de queixas de munícipes nos dez primeiros meses deste ano, os problemas relacionados à vegetação representaram 14,3% do total.
O problema das quedas de árvores se acentua ainda mais na época de chuvas - como é o mês de dezembro. Na última terça-feira (8), após temporal, o Corpo de Bombeiros registrou 122 chamados por causa desse problema na Grande São Paulo.
No dia 1º de dezembro, uma mulher de 45 anos morreu na frente dos filhos depois que o carro em que ela dirigia foi atingido por uma árvore na rua Dr. Thirso Martins, na Vila Mariana. No mesmo dia, duas pessoas ficaram retidas em um veículo no Ipiranga por mais de quatro horas depois que um galho energizado caiu sobre o automóvel em que elas estavam. Ninguém se feriu.
Pouco antes, no dia 19 de novembro, uma idosa de 87 se feriu após uma queda de árvore na avenida Paulista. Assim como nos dois outros casos, o carro dela também foi atingido pela vegetação. Ela teve ferimentos nas mãos e fratura em uma das pernas.
Para oficializar uma reclamação, o munícipe pode utilizar o telefone, por meio do canal 156. Também é possível informar problemas pela internet, no portal SP156. Ao entrar no site, o cidadão deve clicar em "meio ambiente", do lado direito da tela. Em seguida, escolher a opção mais adequada para o caso.
Para especialista, faltam profissionais para cuidar do verde em SP
O biólogo Marcos Buckeridge, diretor do Instituto de Biociências da USP, afirma que faltam equipes para cuidar das árvores da capital, tanto para o trabalho preventivo quanto para solucionar problemas em exemplares já comprometidos.
"O número de árvores em São Paulo é muito maior do que o número de pessoas das equipes [da prefeitura", comenta. "Deveria ter ainda mais árvores. Mas ter mais árvores significa ter que investir", acrescenta.
Buckeridge ressalta a necessidade de o poder público mapear as árvores na cidade, levantando informações sobre tipos, idades e o estado de conservação de cada uma delas. "Precisamos de parâmetros técnicos mais baratos e simples para a prefeitura trabalhar. É muito difícil saber quando a árvore está com oco", diz.
O especialista informa que existem no mercado algumas tecnologias para verificar o interior das árvores. O problema, no entanto, é o preço. "Esse equipamento custa 30 mil euros [cerca de R$ 183 mil]. Temos 650 mil árvores na cidade e cada análise leva três horas. Portanto, a gente não tem como usar esse tipo de tecnologia."
Segundo o professor, muitos exemplares de vegetação na capital estão velhos e "podem ter infecções que progridem de baixo para cima e forma um oco na parte de baixo", fazendo com que elas fiquem desbalanceadas. Algumas delas, como pau-ferros e tipuanas, podem ter entre 50 e 60 anos e pesar até 20 toneladas.
Ele acrescenta que o número de quedas aumenta nessa época do ano principalmente por causa das chuvas. "Quando chove muito, o peso da madeira aumenta", diz o professor. Isso faz com que as árvores que já estão danificadas tenham ainda mais problema de sustentação. "Outro ponto é o vento, que quando é muito forte, pode derrubar facilmente", afirma.
Por fim, Buckeridge salienta que há indicativos que os próprios cidadãos podem observar nas árvores em suas casas ou no entorno e que mostram se a vegetação está com problemas ou não. Ele sugere verificar se há grande quantidade de fungos, principalmente na parte de baixo. "Isso pode indicar que ali tem madeira morta."
"Também é importante verificar se há buracos na madeira por onde entram e saem insetos. Eles vão comendo e gerando inconsistências, e só vão entrar quando a infecção já é maior", complementa.
Outro ponto a ser observado é se houve mudança no padrão. O professor cita como exemplo uma "árvore que vinha florescendo sempre de um mesmo jeito e mudou o padrão. A gente analisa como se fosse uma pessoa. A mudança de comportamento pode indicar algo."
Prazo para poda é de 37 dias
A Secretaria Municipal das Subprefeituras, gestão Bruno Covas (PSDB) informa que o prazo para podas na capital é de 37 dias. "No início da gestão, esses serviços demoravam, em média, 507 dias", diz a pasta.
De acordo com a secretaria, de janeiro de 2017 a novembro de 2020 foram podadas 468.567 árvores em toda a cidade. "Entre janeiro e outubro deste ano foram podadas 144.718 árvores e outras 11.437, removidas. Em 2019, foram realizadas 91.697 podas e 13.972 remoções no mesmo período", acrescenta.
Sobre o acidente que matou uma mulher na Vila Mariana no dia 1º de dezembro, a pasta diz que a escola onde ficava a árvore que caiu solicitou a remoção de maneira inadequada, informando se tratar de um parque. "Dessa forma, o protocolo foi enviado para a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA)", afirma a secretaria. A pasta acrescenta que a subprefeitura da Vila Mariana apoio os serviços de remoção e limpeza da árvore.
"Além de ampliar serviços de poda e remoção de árvores, a prefeitura sancionou em janeiro deste ano a lei que permite ao proprietário da área contratar empresas especializadas que tenham em seus quadros engenheiros agrônomos e florestais ou biólogos para emitir laudo e promover a poda ou o corte. Em caso de risco iminente, o corte pode ser realizado e a medida, devidamente documentada e atestada por profissional competente, comunicada posteriormente à subprefeitura", acrescenta a secretaria.