Cidades da Grande SP criam postos exclusivos para quem já teve coronavírus

Pacientes que continuam com problemas depois de recuperação da doença passam por avaliação e tratamento em locais próprios

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Juliana Finardi Fábio Munhoz
São Paulo

Com o objetivo de centralizar o atendimento, compreender e até mesmo controlar possíveis consequências e danos do pós-Covid em pacientes que enfrentaram a doença, cidades da Grande São Paulo como São Caetano, Diadema e Ribeirão Pires (todas cidades do ABC) criaram postos específicos de assistência para receber e direcionar essas pessoas a tratamentos de fisioterapia pulmonar, psicológicos, cardiológicos, de reabilitação nutricional, muscular e até neurológica.

São Caetano decidiu abrir o Ambulatório Municipal de Acompanhamento e Reabilitação Pós-Covid após perceber que as pessoas permaneciam com muitos sintomas e que as queixas eram resolvidas isoladamente. “Não tinha um serviço único e percebemos que precisávamos ter um olhar integral para esse paciente para que depois pudéssemos encaminhá-lo para as especialidades”, explicou a médica e secretária de Saúde da cidade, Regina Maura.

O ambulatório, aberto em 13 de outubro, já atendeu 487 pessoas que passaram por médicos generalistas e outras 69 por consultas psicológicas. Também houve encaminhamentos para oftalmologistas, cardiologistas e outros especialistas.

Ao chegar ao ambulatório, o paciente é recebido por um clínico que solicita exames laboratoriais e de imagem, além de uma avaliação da capacidade respiratória. Após essa triagem, a pessoa é encaminhada para o especialista.

De acordo com a secretária, as principais queixas apontadas pelos pacientes são a falta de paladar e olfato. “Algumas pessoas continuam assim por meses e isso é muito ruim”, disse.

Regina explicou que, neste caso, o tratamento é feito com o estímulo por meio de alguns alimentos. Também são indicados jogos de memória e ginástica cerebral para sintomas como perda de memória recente, além de fisioterapia respiratória para a melhora nos quadros de fadiga.

Uma segunda etapa após a passagem pelo ambulatório e tratamento é o encaminhamento a um centro da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), onde estão sendo realizados trabalhos de acompanhamento e estudos pós-Covid.

É necessário ser morador da cidade para ser atendido pelo ambulatório. Quem está registrado nos cadastros da prefeitura porque já teve Covid-19 é chamado a comparecer. Quem não foi chamado e necessita de atendimento pode entrar em contato com a ouvidoria da saúde (11 93336-2932).

Atualmente, Diadema mantém 64 pacientes em atendimento no Centro Especializado em Reabilitação, que foi criado em outubro e fica no Quarteirão da Saúde, um complexo hospitalar do município. No momento em que recebe alta, a pessoa já é agendada para avaliação de funcionalidades neste centro.

“Além disso, o centro entra em contato com os hospitais do município para levantar informações sobre quem passou por internação prolongada e realiza um agendamento para triagem com uma equipe multiprofissional”, disse a prefeitura, em nota.

"Essa equipe avalia se o paciente ficou com alguma alteração motora ou neurológica que necessite de reabilitação específica ou acompanhamento na UBS [unidade básica de saúde]", afirmou.

Desde o dia 21 de setembro, Ribeirão Pires já atendeu cerca de 90 pessoas no Ambulatório de Atendimento a Pacientes Pós-Covid. O serviço, que recebe moradores da cidade que foram internados dentro ou fora do município, foi implementado para reforçar ações de monitoramento.

A Secretaria de Saúde disse em nota que a intenção também foi a melhor compreensão e controle de possíveis consequências e danos pós-recuperação que a infecção pode causar como fraqueza muscular, respiratória, cardíaca, renal, vascular, fadiga e alterações de sensibilidade.

“Cada paciente é avaliado individualmente, priorizando as consequências do acometimento por Covid. O período é estabelecido após análise médica, de acordo com o perfil do paciente, podendo chegar a até três meses”, afirmou.

A primeira consulta acontece entre 14 e 21 dias da alta hospitalar. Além do atendimento médico, é realizada a solicitação de coleta de exames laboratoriais e de imagens. Após avaliação, caso seja necessário, o paciente é encaminhado para atendimento psicológico e fisioterapia.

Santo André, também no ABC, estuda a organização de um centro de reabilitação respiratória. Por enquanto, apesar de não ter designado um local específico para atendimento dos casos pós-Covid, a cidade disse que todo o serviço de saúde está disponível para receber pacientes que apresentem problemas de origem motora, cognitiva ou respiratória. "As pessoas podem procurar diretamente a rede para que a equipe da UBS do bairro faça uma avaliação e o devido encaminhamento", afirmou em nota.

De acordo com a prefeitura, desde o início da pandemia um programa da Secretaria de Saúde monitora os pacientes que tiveram alta por meio de agentes comunitários, telemonitoramento e busca ativa. Ao ser identificado qualquer problema, há um encaminhamento para avaliação e o serviço de reabilitação com pneumologistas, neurologistas, cardiologistas ou clínicos. De acordo com o quadro apresentado, alguns pacientes podem receber a visita do médico em casa.

A Secretaria Municipal de Saúde de São Bernardo disse, também em nota, que as pessoas que tiveram Covid-19 estão sendo absorvidas para tratamento na rede municipal. "Os pacientes com alta hospitalar são encaminhados para as unidades básicas de saúde, onde passam por avaliação e, de acordo com o quadro, são encaminhados para a Policlínica Centro ou para o Centro Especializado de Reabilitação."

Já a Secretaria de Saúde de Guarulhos afirmou que o paciente recuperado de Covid pode procurar a UBS mais próxima de sua residência durante o horário de atendimento para agendamento de consulta médica. Caso apresente algum déficit respiratório, ausência de olfato e paladar ou fadiga pode ainda passar no acolhimento da unidade para avaliação com a equipe de saúde

Na cidade de São Paulo e em Osasco não existe essa demanda específica. As duas prefeituras dizem que a rede municipal de saúde está disponível para atender essa demanda sem a necessidade de criar um serviço “especial”.

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