Desabastecimento temporário de vacina cria vai e vem em postos da cidade de SP
Moradores da capital paulista tiveram de fazer romaria atrás do imunizante contra a Covid-19 nesta quarta-feira (24)
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Muitas pessoas de 48 anos de idade que foram até os pontos de imunização na cidade de São Paulo atrás da vacina contra a Covid-19, nesta quinta-feira (24), enfrentaram desabastecimento temporário em unidades. Com isso, muitas tiveram de fazer uma verdadeira romaria nas unidades para saber se poderiam ser vacinadas.
Nesta quarta-feira foi realizada a vacinação dessoas a partir de 48 anos de idade. Na terça, a vacinação foi suspensa no município por falta de doses.
O programador José Nivardo, 48 anos, conta que foi em vários postos da zona leste para encontrar a vacina contra a Covid-19 e, mesmo após procurar o imunizante em três unidades de saúde diferentes, não conseguiu a dose da vacina.
“Na parte da manhã estive na Mooca, depois do Carrão e, por fim, no Belenzinho. Em nenhum dessas três tinha vacina. Em todos fui muito bem atendido e recepcionado, mas a informação que me passaram é que não tinham vacinas e nem previsão”, afirma o programador.
Ele disse que tentará novamente nesta sexta-feira (25), quando ocorre a vacinação de quem tem a partir de 47 anos. “Todos me pediram para retornar na segunda para conseguir mais informações, não é nem para me vacinar. De qualquer forma vou insistir amanhã. Já cancelei meus compromissos da manhã e vou tentar de novo. Só temos uma vida e quero me vacinar logo”, disse.
Essa situação vivida por Nivardo reflete o vai e vem de desabastecimento temporário das unidades. Perto das 10h, três horas após a abertura das unidades básicas de saúde que oferecem vacinação, eram 33 unidades aquelas sem o imunizante, número que subiu para 68 às 11h20; 80 às 15h e passando para 30 às 17h40. Das 30, 26 estavam na zona sul, sendo a situação mais crítica em Parelheiros, que tinha 9 das 14 pontos de vacinação sem as doses.
Embora o portal De Olha na Fila informe que elas estão aguardando abastecimento, em nenhuma é informado o tempo de espera. E também falta atualização no serviço. No fim da manhã, o site dizia que a situação era tranquila na UBS Comendador José Gonlazes, na Vila Formosa (zona leste), mas cerca de 20 pessoas tiveram de ir embora porque não havia vacina no local.
Muitas vezes a falta de informação correta acaba por causar ainda mais confusão. É o que aconteceu com o técnico de trânsito Antonio dos Santos Ramos Neto, de 59 anos, que foi levar o filho, Felipe Ramos, de 20, portador de deficiência. Ele disse que a atendente afirmou que a unidade poderia receber o imunizante a qualquer momento, sem precisar tempo de espera. "A gente não tinha condição de permanecer no posto esperando”, afirmou.
Segundo ele disse, a informação passada a eles foi a de que o local recebeu perto de 40 doses, que logo acabaram.
Na UBS Parque Novo Mundo, na zona norte, o imunizante acabou por volta das 10h e só às 13h15 foi feito reabastecimento. Segundo os funcionários da unidade, o estoque recebido seria suficiente para atender 200 pessoas.
Uma delas foi a compradora Lucimara Pelegrini, de 48 anos. “Estava com muito medo, mas agora estou muito feliz”, afirmou.
Duas horas após começar a imunização, às 9h, a UBS Santo Estevão precisou suspender a vacinação até que novas doses fossem enviadas, às 13h. Neste horário, por volta de 30 pessoas se aglomeravam na fila. A unidade informou ter recebido 200 doses do imunizante.
Para organizar a entrada, as pessoas estavam entrado em grupos de cinco. Nos cerca de 30 minutos em que a reportagem esteve no local, ao menos 20 motoristas pararam na entrada para perguntar ao segurança qual era o imunizante disponível. Ao saberem que era Pfizer, diziam que logo voltariam.
“Eu estava esperançoso para chegar esse momento”, disse o comerciante Robson José, 51. Ele foi acompanhado da mulher, Daniela Batista, 48. “Viemos ontem [quarta] às 16h45 e não tinha. Demos sorte hoje”, afirmou.
Resposta
Em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira no Hospital Municipal e Maternidade Escola Vila Nova Cachoeirinha (zona norte da capital), na realização de uma cirurgia intrauterina inédita no local, o secretário Edson Aparecido chegou a duvidar que existiam, naquele momento, 33 pontos sem o imunizante.
“Se as vacinas acabaram é uma boa notícia porque todas foram utilizadas. Onde acabou, nós repomos. Não deixamos de vacinar nenhum grupo. As pessoas estão sendo vacinadas e podem ir tranquilamente nos postos para se vacinar", afirmou.
Além disso, ele minimizou o número. "Esse número [de lugares sem vacinas] é menos de 5% em meio a mais de 700 postos de vacinação de todo o sistema que está funcionando normalmente”, afirmou.
O secretário recomendou que, caso a pessoa não encontre o imunizante em um local, que procure em outro mais próximo. “Ela [pessoa que procura a vacina] vai no posto do lado que tem a vacina”, disse.