Paulistano encara a noite fria para fazer doações a quem dorme nas ruas
Sob a expectativa de temperatura abaixo de 0ºC nos próximos dias, solidariedade se espalha com doação de cobertores, roupas e comida
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Em frente ao terminal da Lapa, na zona oeste de São Paulo, a procura de moradores de rua por auxílio em uma das tendas instaladas pela prefeitura era tímida por volta das 19h desta quarta-feira (28). Em cerca de 50 minutos, foram feitos oito atendimentos, segundo Michel Carboni, agente da Defesa Civil, responsável por coordenar as ações emergenciais no local, até as 7h desta quinta (29).
“Estamos com 240 cobertores, mas também com peças de roupas que pessoas espontaneamente estão trazendo para nós. Iremos contar depois quantas peças são para também incluir nas doações”, afirmou.
Com a previsão de frio recorde nos próximos dias, a Prefeitura de São Paulo montou uma grande estrutura para poder atender as pessoas em situação de rua na cidade de São Paulo.
Os esforços se concentram em duas frentes. A primeira é a montagem de cinco tendas para oferecer sopas, kits de inverno (agasalhos, cobertores e itens de higiene pessoal), além de atendimento médico. Outra é a de criar 817 novas vagas em centros de acolhida, fazendo com que o número atual de 340 seja reforçado em quase duas vezes e meia e chegue a 1.157.
As doações de roupas mencionadas pelo agente da Defesa Civil foram testemunhadas quatro vezes pela reportagem, até por volta das 20h30. Entre elas, também forem entregues cobertores.
Este foi o caso das amigas e colegas de trabalho, as médicas pediatras Andrea Cândi, 33 anos, e Maynara de Paula, 30.
“Soubemos hoje [quarta] durante nosso plantão sobre a ação da prefeitura. Aí compramos dez cobertores e trouxemos para reforçar as doações”, disse Andrea.
Maynara acrescentou que um grupo de amigos já fez transferências bancárias para a compra de mais cobertores que serão levados à tenda da Lapa, na praça Miguel Dell’Erba, nesta quinta.
Ciente de que algumas pessoas em situação de rua apelam para bebidas alcoólicas, principalmente cachaça, para tentar espantar o frio, Maynara explicou que esta estratégia pode aumentar ainda mais o risco de morte, caso a pessoa durma ao relento.
“O álcool pode anestesiar a pessoa que, apesar de estar com frio, acaba não o sentindo, podendo ter hipotermia e morrer”, alertou.
Nas ruas há cerca de três meses, a aposentada Sebastiana Lourenço do Carmo, 66, foi até a tenda para pegar um cobertor.
“Sinto muito frio até quando está sol. Vou usar o cobertor para me esquentar também de manhã e de tarde”, afirmou.
Ela dorme todas as noites em albergues ou abrigos, para onde iria ainda nesta noite, após um carro da Assistência Social buscá-la, já que a idosa chegou atrasada para embarcar em um dos dois ônibus que levou pessoas em situação de rua na região para o Clube Edson Arantes do Nascimento, popularmente conhecido como “Pelezão”, onde 240 camas foram colocadas na quadra de esportes .
Ela perdeu o quarto em que pagava aluguel, no centro, após contrair dívidas, usando a rua para passar os dias e os abrigos, as noites, desde então.
Por volta de 20h20, alguns moradores de rua se esquentavam ao redor de uma fogueira e outros, mantinham cobertores, espalhadas no chão, em frente ao terminal de ônibus, onde um carro chegou com sopa, achocolatado, chá de erva cidreira e pães. A reportagem apurou haver mil unidades de cada item.
A sopa, preparada em uma grande panela, seria servida até por volta das 22h. As bebidas quentes estariam disponíveis durante toda a noite.
GCM leva cobertores nas viaturas
Desde o início das ações de combate ao frio, a GCM (Guarda Civil Metropolitana) passou a andar com cerca de 500 cobertores, todas as noites, segundo secretário adjunto de Segurança Urbana Dalmo Luiz Coelho Álamo.
“Durante as rondas, quando os guardas se deparam com pessoas em situação de risco, por causa do frio, estão preparados para ajudar”, afirmou.
Os GCMs acionam o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), quando flagram algum caso de hipotermia problema de saúde, além de acionar profissionais da abordagem de rua, caso a pessoa tope passar a noite em algum abrigo.
“Nos casos de negativa, para ir para os abrigos, nossos guardas oferecem um cobertor, geralmente aceito, para ajudar a pessoa a combater o frio”, explicou.
Ele disse ainda que, 50 viaturas, transportam por noite média de 10 cobertores cada. Ele não soube quantificar quantas doações já foram feitas, acrescentando que esta ação da guarda dura 24 horas por dia e durará enquanto o frio perdurar na cidade.
COMO AJUDAR
Cruz Vermelha
O que doar
- Roupas, cobertores, kits de higiene, produtos de limpeza e alimentos
Como doar
- Na sede da Cruz Vermelha (av. Moreira Guimarães, 699, Indianópolis) e em pontos de coleta ou pela internet
Fundo Social de São Paulo
O que doar
- Agasalhos e cobertores novos
Como doar
- Estações de metrô e da CPTM
Casa de Oração do Povo da Rua
O que doar
- Alimentos, cobertores, agasalhos, camisetas, cuecas, meias, luvas e gorros
Como doar
- Na sede (r. Djalma Dutra, 3, Luz), das 8h às 16h
Anjos das Ruas
O que doar
- Cobertores e dinheiro
Como doar
- Por meio do site campanha.lepinenxovais.com.br, com o código spanjodasruas, ou pelo Instagram @spanjosdasruas
Onde as tendas da prefeitura para atender moradores de rua estão instaladas
Praça da Sé (centro)
Praça Princesa Isabel (Luz, no centro)
Praça Salim Farah Maluf (Santo Amaro, zona sul)
Praça Miguel Dell’erba (Lapa, zona norte)
Largo da Concórdia (centr9)