A falta de educação é geral

Com menos de cinco meses de mandato, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) já enfrentou o calor das ruas.
Na quarta-feira (15), nas capitais e em grandes cidades do país, milhares marcharam em defesa da educação e contra o corte de grana nas universidades. 

Bem ao seu estilo, o presidente resolveu atacar uma reivindicação legítima, classificando os estudantes de "idiotas úteis, uns imbecis que estão sendo usados como massa de manobra". Chegou a dizer que não sabiam nem a tabuada.

É fato que não dá pra duvidar da má qualidade do ensino no país. Verdade também que oportunistas aproveitaram o ato para atacar a reforma da Previdência ou pedir "Lula livre". Mas a pauta principal era real e urgente: o governo representa, sim, uma ameaça à educação.

Tudo começou quando o ministro Abraham Weintraub disse em entrevista que o bloqueio de verbas era uma represália a algumas universidades que estariam promovendo "balbúrdia". Logo depois, porém, ele anunciou que o corte era geral. Mais um desgaste desnecessário, que irritou professores e estudantes e deu gás ao megaprotesto.

Era óbvio que a crise econômica afetaria as universidades federais, que se multiplicaram nos últimos anos sem um planejamento adequado. A redução de 30% na verba deste ano é dramática. As previsões para o futuro também.

A saída desse buraco passa por temas difíceis, como a mudança nas aposentadorias dos servidores, a cobrança de mensalidades e a profissionalização da gestão nas instituições. O já desgastado governo Bolsonaro, infelizmente, ainda precisa mostrar capacidade para discutir questões bem mais básicas sobre educação --a dele, inclusive.

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