Bolsonaro e as ruas

As manifestações em defesa do governo Jair Bolsonaro (PSL) não chegaram a ser um vexame de público, como alguns temiam e outros preferiam. Na avenida Paulista, para ficar num exemplo importante, havia bastante gente.

Protesto em apoio ao governo de Jair Bolsonaro na avenida Raul Lopes em Teresina (PI), neste domingo (26)
Protesto em apoio ao governo de Jair Bolsonaro na avenida Raul Lopes em Teresina (PI), neste domingo (26) - João Allbert/Futura Press/Folhapress

O presidente parece ter ficado animado com o apoio e divulgou imagens dos atos. Disse também que foi dado um recado "àqueles que teimam com velhas práticas", numa referência às negociações com cargos e verbas na política.

Melhor baixar a bola. Até a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), quando já caminhava para o fim do governo, conseguia encher algumas ruas do país com seus apoiadores. Além do mais, nada disso ajuda Bolsonaro a resolver os problemas mais importantes de sua gestão.

A economia está rateando de novo, e o desemprego continua muito alto. É preciso fazer avançar a reforma da Previdência e outras medidas importantes no Congresso pelos próximos anos. Comprar briga com os parlamentares, portanto, não é uma estratégia muito inteligente para quem ainda tem um mandato quase inteiro pela frente.

Afinal, os manifestantes atacaram os partidos do chamado centrão e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) —e Bolsonaro acabou dando corda para essas críticas.

Quem protesta ou apoia o governo está no seu direito, claro. Os atos foram pacíficos e, felizmente, não se viu muita gente pregando o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.

Mesmo assim, não é normal tanto barulho, contra e a favor, com apenas cinco meses de governo. A campanha eleitoral já acabou; o presidente precisa agora fazer alianças e resolver os problemas do país —não animar as ruas.

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