O novo sistema de ônibus em São Paulo prevê uma série de avanços: novos veículos, mais tecnologia e um rearranjo das linhas, evitando a sobreposição de itinerários e ampliando a possibilidade de transportar mais gente.
Tudo isso, porém, pode não virar realidade para os 7,6 milhões de passageiros diários. Os barões dos ônibus da capital criaram um modelo de comando que dá pouca margem a mudanças.
Com 1.187 linhas que cobrem 5.100 km, com 14 mil veículos, o negócio está na mão de dois grandes grupos.
O primeiro é formado por empresas familiares, que operam no setor desde o desmonte da CMTC, ainda nos anos 1990. O outro é composto por perueiros, que atuavam com as antigas vans e acabaram crescendo em regiões que não comportam os coletivos maiores.
O domínio do mercado é maior. Algumas empresas expandiram as suas atividades para além do transporte de passageiros. Há quem fabrique peças de ônibus e carrocerias. Outros até financiam as viações por meio do próprio banco.
Dessa forma, com atividades complementares, conseguem mais poder de barganha sobre valores e custos nas licitações com a Prefeitura de São Paulo. Desestimulam também a entrada de novas viações --e, como consequência, a melhoria no serviço prestado empaca.
Claro que parte da culpa é da administração municipal, que em diferentes gestões falhou ao não evitar esse processo viciado. Outro erro foi cobrir certas responsabilidades do setor, que se refletiram, por exemplo, em uma escalada bilionária de subsídios pagos às viações --com grana do contribuinte.
Espera-se que, agora, o modelo atenda o verdadeiro dono da rua: o passageiro.
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