Ninguém esperava uma recuperação rápida da economia, mas o primeiro semestre deste ano conseguiu ficar abaixo das expectativas. O desemprego caiu um pouco, mas continuou muito alto. Com a grana curta, as famílias não se animaram a aumentar as compras.
Em situações como essa, os governos tentam estimular a produção e o consumo aumentando gastos, principalmente com obras, e baixando os juros. A primeira opção, como se sabe, está fora de alcance, porque a grana secou.
Restava, portanto, a alternativa de mudar os juros. Foi o que o Banco Central fez na quarta-feira (2), ao reduzir sua taxa de 6,5% para 6% ao ano.
No papel, tudo certo. É até motivo de comemoração, porque o Brasil foi por muitos anos campeão mundial de juros —que eram de 14,25% apenas dois atrás e passaram dos 40% nos anos 1990.
A taxa do BC serve para indicar qual vai ser o rendimento das aplicações que os clientes fazem nos bancos. Quando ela cai, portanto, os custos dos bancos também caem. Assim, dá para diminuir também os juros cobrados no cheque especial, no cartão de crédito e nos financiamentos para empresas e consumidores.
Só que isso não está acontecendo como deveria. Quem precisa comprar a prazo ou tomar grana emprestada ainda arca com uma conta altíssima. Para pessoas físicas, a média é de 53% ao ano.
Os bancos alegam que tomam muito prejuízo com gente que não paga as dívidas e, por isso, precisam cobrar mais de quem paga. Pode até ser, mas bem que poderia haver mais competição nesse mercado, dominado por quatro gigantes (Banco do Brasil, Caixa, Itaú e Bradesco).
O BC diz que vai abrir o setor. Se quiser tirar o país do buraco, é bom mesmo.
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