Metralhadora giratória

Bolsonaro ataca desafetos, jornalistas, estatísticas e documentos oficiais

Com uma agressividade acima do habitual, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) atirou para todos os lados nos últimos dias. Atacou desafetos, jornalistas, estatísticas científicas e documentos oficiais. Atingiu, na verdade, as boas normas de convívio democrático.

Presidente Jair Bolsonaro (PSL) durante corte de cabelo - Reprodução

Essa incontinência verbal, como todo mundo sabe, vem desde os tempos de deputado. No cargo mais alto da nação, porém, não dá para ficar incentivando as divisões políticas da sociedade.

O exemplo maior dessa escalada foi o ataque desumano ao presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, cujo pai foi assassinado, segundo as investigações, nos porões da ditadura militar. Bolsonaro chegou a ironizar o desaparecimento do então militante de esquerda.

Também causaram espanto os ataques com afirmações falsas a jornalistas, a contestação de números sobre o desmatamento da Amazônia, as ameaças de censura ao cinema, o tratamento desrespeitoso aos governadores nordestinos e o descaso com o recente massacre de presos em Altamira, no Pará.

O destempero assusta até aliados, que tentam entender os motivos. Talvez sejam as críticas à ideia de indicar um filho para a embaixada em Washington, ou as investigações que envolvem outro.

As grosserias, para dizer o mínimo, expõem o despreparo do presidente em conviver com as diferenças, condição básica para o cargo que exerce.
 

Bolsonaro ainda tem muito tempo de mandato pela frente, e não há dúvida de que a provável reforma da Previdência deve dar um bom fôlego a seu governo.

Mas esse desvario não pode continuar por mais tempo. Assim o presidente não fará uma boa gestão —nem merecerá o respeito dos brasileiros.

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