Patrulhar as cidades brasileiras é, sem dúvida, uma atividade de alto risco. E não é só dos criminosos que vêm as ameaças à vida dos policiais.
No ano passado, pelo menos 104 agentes tiraram a própria vida, número maior do que as 87 mortes decorrentes de confronto nas ruas. Os dados constam do recém-lançado 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Os organizadores do levantamento afirmam, porém, que a quantidade desses suicídios tende a ser muito maior, pois há estados que não reportam suas estatísticas, a fim de esconder o problema, e outros que nem contam os casos.
Jogar luz sobre a questão é o primeiro passo para poder enfrentá-la. É o que começa a fazer o estado de São Paulo. Um estudo produzido pela ouvidoria da polícia paulista traz detalhes de uma situação alarmante. Em 2017 e 2018, nada menos que 56 policiais, 17 civis e 39 militares, se mataram.
Nesse período, o suicídio foi a principal causa de morte entre os agentes civis e a segunda entre os PMs, atrás apenas dos homicídios em períodos de folga.
Isso dá uma taxa de 30,3 suicídios a cada 100 mil pessoas, na Polícia Civil, e de 21,7 na militar. É muito acima dos 5,8 por 100 mil da população do estado.
Essa discrepância sugere que o drama dos agentes tem relação direta com as condições de trabalho desses profissionais. Eles lidam com uma realidade estressante, repleta de dores e tristezas.
A situação é agravada pelas condições precárias de trabalho, que combinam falta de profissionais, baixos salários e delegacias sem estrutura.
O trabalho da ouvidoria precisa gerar ações, como a ampliação da assistência psicológica a esses profissionais.
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