Reportagem publicada no Agora mostrou em números o que o paulistano sente ao caminhar pelas vergonhosas calçadas da cidade. O levantamento, realizado pela Folha de S.Paulo, revelou que 41% dos passeios têm menos de 1,90 metro de largura, que é o mínimo exigido por lei. O problema é que essa regra só vale para novas calçadas.
Como já era de se esperar, os piores passeios ficam na periferia, onde a infraestrutura já costuma ser precária, com ruas estreitas e malcuidadas e falhas no transporte público. E nunca é demais lembrar que andar a pé é o meio de transporte mais comum na capital.
Cabem aos donos dos imóveis zelar pela construção e a manutenção das calçadas, o que resulta num vale-tudo: passeios fora do padrão, estreitos demais, com degraus, escorregadios, bloqueados por postes ou árvores e por aí vai.
A situação é complicada. Muita gente simplesmente diz que não tem grana para fazer a obra e tampouco paga a multa aplicada pela prefeitura —e o problema continua sem solução.
Nas ladeiras, com degraus entre a calçada de um imóvel e a do próximo, há um desafio a mais, que é o de fazer com que os proprietários combinem entre si as modificações de seus passeios, para que este siga sem as interrupções.
A administração municipal afirma que vai realizar reformas em calçadas em alguns locais de grande circulação, mesmo em passeios de imóveis privados, o que é uma medida positiva.
Se a prefeitura fosse cuidar de todas as calçadas, o custo seria bilionário. É preciso que a cidade estude outros modelos e decida quem responsabilizar pela acessibilidade e saúde dos cidadãos, tão castigados pelas vias esburacadas.
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