Em tempos de más notícias para a educação, com cortes de verbas nas universidades federais e queda de rendimento no ensino básico do estado de São Paulo, uma escola municipal para jovens e adultos serve de inspiração.
De portas abertas em um dos bairros mais pobres da capital, o Cieja (Centro integrado de Educação de Jovens e Adultos) Campo Limpo, no Capão Redondo (zona sul), atende 1.437 alunos.
Sim, de portas abertas. Criada em 1998, a unidade se transformou em referência de inclusão ao liberar o acesso a qualquer um. Na época, o colégio encarou o desafio de uma região violenta e adotou medidas simples para criar um modelo baseado no respeito e no acolhimento.
Pendurada na entrada, a faixa com os dizeres “Que bom que você está aqui” revela um espaço democrático. Os educadores ouviram os adolescentes, que sugeriram a troca das carteiras tradicionais por mesas redondas e ajudaram na discussão do conteúdo pedagógico.
A partir dos adolescentes chegaram jovens atrás de qualificação, mulheres que largaram os estudos e desempregados e idosos com vontade de aprender.
As histórias de sucesso foram contadas em livro. Tem a diarista de 60 anos que se formará em dezembro, a costureira que aprendeu a ler aos 50 e a ex-aluna que descobriu o talento para a moda e lançou uma grife de roupas e acessórios.
A criatividade e o envolvimento da comunidade fizeram que o Cieja, mesmo com poucos recursos, driblasse a rotina cruel da maioria das escolas da periferia.
As mesas comunitárias deram tão certo que influenciaram o processo de compra do mobiliário pela prefeitura. Como bem define Edna Luiz, ex-coordenadora do colégio, “a gente aprende no coletivo”.
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