O brasileiro —e o paulistano, em particular— está acostumado a cenas de enchente. Todo verão é a mesma coisa: após os temporais, moradores perdem móveis e eletrodomésticos, pessoas são arrastadas pelas águas e famílias ficam desabrigadas em escolas ou ginásios.
Como se não bastasse essa tragédia rotineira, causada por rios e córregos que transbordam e ruas e avenidas que alagam, a ameaça nas próximas décadas começará a vir também do mar.
Na Baixada Santista e em Caraguatatuba (litoral norte), além da região metropolitana do Rio de Janeiro e Joinville (SC), há risco de inundações anuais até 2050. Nessas regiões vivem 1,4 milhão de brasileiros. Para 1 milhão deles, a situação é ainda pior: seus bairros podem ficar para sempre submersos.
A culpa de tudo isso é da mudança climática no planeta. Geleiras vão derretendo e o nível do mar aumenta; a própria água, mais quente, se expande; e eventos climáticos extremos, como tempestades tropicais, se tornam mais frequentes e mais destruidoras com a atmosfera mais aquecida.
Desde 2006, o nível dos oceanos aumenta 3,6 mm por ano. Projeções indicam que, se o mundo conseguir manter o aquecimento global abaixo de 2°C, os oceanos subirão meio metro até 2100.
E esse é o cenário otimista, o que não parece provável. Mantidas as taxas atuais de poluição por carbono, que causa o efeito estufa, será um metro a mais no nível do mar até o final deste século.
Negar a mudança do clima não ajuda em nada. Já passou da hora de todos perceberem que o aquecimento global não é só uma emergência climática, mas também social: afinal, os mais pobres devem pagar o pato, como sempre.
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