Nas últimas décadas, salvo uma exceção ou outra, a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) viveu certa pasmaceira. Com ampla maioria na Casa, os sucessivos governos tucanos quase nunca tiveram problemas por lá.
Tudo mudou após a eleição de 2018. Assim como no Congresso, um furacão chacoalhou a Alesp: houve uma renovação significativa (dos 94 deputados, só 44 se reelegeram), há mais jovens (47% têm menos de 50 anos) e até a soma do patrimônio dos parlamentares caiu (de R$ 182,6 milhões para R$ 110,2 milhões).
Parte desse furacão tem nome: PSL. O ex-partido do presidente Jair Bolsonaro emplacou de cara 15 cadeiras, deixando para trás PT (10), PSDB (8) e DEM (8).
Ainda que o governador João Doria (PSDB) tenha garantido um aliado na presidência da Casa, o poder está mais dividido --o que parece, também, ter exaltado os ânimos.
O primeiro ano foi marcado por bate-bocas, ofensas, demonstrações públicas de preconceito sexual e de gênero e briguinhas entre esquerda e direita.
Nada, porém, supera o que se viu na quarta-feira (4). O deputado Arthur do Val (sem partido) --mais conhecido como o youtuber "Mamãe Falei"-- xingou servidores que estavam na galeria de "vagabundos" e os chamou para a briga. A sessão foi suspensa após cenas deploráveis de empurra-empurra e ameaça de socos entre alguns deputados.
Discutia-se ali algo relevante: a reforma da Previdência estadual, que afetará justamente a vida daqueles que foram hostilizados pelo parlamentar.
O debate, obviamente, é bem-vindo. Mas o que se espera desses deputados, também servidores, é compostura, respeito com o dinheiro público e trabalho.
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