A Anvisa acaba de regulamentar o uso medicinal da maconha no Brasil. Ou seja, produtos feitos à base da planta, a Cannabis, serão vendidos nas farmácias e aprovados pela vigilância sanitária.
A decisão é positiva, ainda que tardia e tímida. A principal falha é que a Anvisa vetou o cultivo da planta por aqui. Assim, a matéria-prima para fabricar os produtos terapêuticos terá de ser importada, o que complica a redução dos preços.
Não é um mero detalhe. O único medicamento à base de maconha vendido hoje nas farmácias, o Mevatyl, indicado para portadores de esclerose múltipla, custa mais de R$ 2.000 a caixa, que é suficiente para cerca de um mês de tratamento (a dose varia conforme o caso).
Com preços exorbitantes, não é surpresa que parte dos pacientes acabe consumindo a maconha in natura, que pode ser obtida mais barata com qualquer traficante --um desserviço à saúde pública, além de incentivo ao crime.
Pelo menos, dentro de alguns meses, produtos à base de Cannabis terão maior facilidade para ser registrados no Brasil. Será mais simples e menos burocrático importá-los ou produzi-los por aqui.
Importante esclarecer que a resolução da Anvisa não trata do uso recreativo, que continua sendo ilegal no país. Esse é um outro debate, que pertence à área da segurança pública.
Aliás, é fundamental que as normas para as diferentes aplicações não se embaralhem. A maconha como alternativa medicinal ganha força em todo o mundo e pode melhorar a vida de milhares de pacientes e seus familiares.
Não há razão para a medicina abrir mão de possíveis avanços à saúde apenas porque virão de uma planta que ganhou fama como droga proibida.
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