Barbárie em Paraisópolis

Foi fria e impessoal a primeira reação do governador João Doria (PSDB) sobre o massacre de Paraisópolis, que deixou nove jovens mortos. Falou o tucano, em rede social: "Determinei (...) apuração rigorosa dos fatos para esclarecer quais foram as circunstâncias e responsabilidades deste triste episódio".

Já faltou empatia e solidariedade, mas pelo menos era o mínimo esperado. Horas depois, porém, uma nova declaração de Doria ecoou como ameaça de mais truculência por parte da Polícia Militar.

Ele disse que operações do tipo continuarão em Paraisópolis e em outras comunidades. "A existência de um fato não inibirá as ações de segurança. Não inibe a ação, mas exige apuração para que, se possa ter havido erros e falhas, possa ser corrigido", completou o tucano.

Um "fato"? E como assim "se possa ter havido erros e falhas"? Uma ação policial que acaba com nove civis mortos é um desastre completo em qualquer lugar.

Mais que procedimento, bastaria bom-senso para evitar encurralar uma multidão nos becos da favela. E circulam na internet cenas de espancamento selvagem e gratuito de rapazes e moças.

Até agora, além do relatos dos policiais, não surgiram evidências sobre a alegada perseguição a motoqueiros que teriam atirado contra os agentes. As testemunhas do caso negam essa versão.

Alguém imagina operação semelhante em um bairro nobre da capital? PMs se sentem autorizados a surrar e a atirar a esmo na periferia porque Doria e outros governantes, como o presidente Jair Bolsonaro, estão sempre prontos a pôr panos quentes na violência policial.

Uma onda de brutalidade assola o país. E há quem, de forma oportunista, se aproveite disso para pescar votos.

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