O presidente Jair Bolsonaro mostrou nesta semana que cismou com a ideia de fazer mudanças irresponsáveis no Código de Trânsito Brasileiro.
Enviado em junho ao Congresso, projeto do governo afrouxa regras que salvam vidas, como a multa para quem transporta crianças de até sete anos sem a cadeirinha. Pelo texto, o infrator receberia só advertência por escrito.
Para agradar aos caminhoneiros, outras propostas são acabar com a exigência do exame toxicológico para motoristas profissionais e ampliar, de 20 para 40, o limite de pontos por multas que levam à suspensão da carteira.
O relator da proposta na Câmara, deputado Juscelino Filho (DEM-MA), mudou o texto e voltou com a obrigatoriedade do exame de drogas e das cadeirinhas. Também ajustou os limites de pontuação que provocam a suspensão da habilitação, que passam a ser de 40 pontos caso não haja infrações gravíssimas, 30 pontos quando houver uma violação desse tipo e 20 se forem duas.
Diante de uma alternativa mais sensata, Bolsonaro mostrou que não desistirá tão facilmente. O presidente já avisou que, se o projeto for aprovado com essas alterações, vetará o texto.
Bolsonaro argumenta que o objetivo é desburocratizar as regras para dirigir e, principalmente, acabar com uma suposta "indústria da multa" no Brasil.
Para um país em que mais de 35 mil pessoas morreram em acidentes de trânsito só em 2017, afrouxar as regras e a fiscalização beira o absurdo --haja vista a energia que ele gasta ao tentar remover os radares das estradas federais.
Espera-se que o Congresso analise o tema com prudência e evite que nossas pistas se tornem ainda mais perigosas.
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