Os cariocas não andam nada contentes com o seu prefeito, Marcelo Crivella (PRB). O ex-senador e ex-ministro da Pesca de Dilma Rousseff (PT) é rejeitado por 72% da população, segundo recente pesquisa do Datafolha.
As lambanças de Crivela no Rio de Janeiro incluem violações autoritárias à Constituição e demonstrações de incompetência no trato do dinheiro público.
No primeiro caso, ficou famoso o episódio em que ele mandou recolher exemplares de uma história em quadrinhos com a imagem de um beijo gay na Bienal do Livro, em setembro.
No campo das finanças, o desastre é total: o prefeito acaba de suspender todos os pagamentos do município.
O objetivo dessa decisão drástica, segundo diz a prefeitura, seria proteger o caixa da cidade dos “arrestos [confisco de verbas públicas] determinados pela Justiça do Trabalho para pagamento de salários atrasados de funcionários terceirizados da saúde municipal”.
O quadro é de calamidade. Funcionários sem receber, saúde paralisada por falta de recursos, pagamentos a fornecedores em atraso, cobranças judiciais em curso. O caos que há anos havia tomado o estado do Rio de Janeiro agora atinge também a capital.
Diante dessa situação, é muito difícil que apareça alguma solução a curto prazo —o que também deve azedar, e muito, uma provável tentativa de reeleição.
Crivella é um típico exemplo do crescimento de políticos religiosos. Bispo licenciado da Igreja Universal e estrela da música gospel, ele se deu bem na carreira com o apoio dos fiéis e por pressões de bancadas evangélicas.
Nada disso bastou, porém, para evitar seu naufrágio político e administrativo.
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