Presidente, retire-se

Os efeitos devastadores da epidemia do coronavírus sobre a saúde e a economia do Brasil exigem esforços gigantescos. É urgente, portanto, anular a capacidade de Jair Bolsonaro de atrapalhar essa mobilização de guerra.

Na terça-feira (24), em cadeia de rádio e TV, ele mostrou mais uma vez que não aprende nem se cala. Não aprende as lições da ciência e dos técnicos em saúde pública de todo o mundo e até do seu próprio governo. E não se cala para evitar a propagação das asneiras que povoam a sua mente destrambelhada.

Tudo o que o Brasil não precisa agora é de um presidente que estimula a divisão e atrapalha a coordenação de estratégias municipais, estaduais e federais contra a doença e o empobrecimento num país de 210 milhões de habitantes.

O país tampouco pode perder tempo com brigas políticas do chefe de Estado com governadores e o Congresso.

As ondas de contágio e mortes, que por enquanto se concentram nas áreas metropolitanas de São Paulo e do Rio, começam a caminhar para outras regiões. É preciso planejamento e trabalho conjunto entre as autoridades para lidar com os picos da epidemia, em diferentes estágios e locais, durante meses.

Na economia, devem-se criar imediatamente linhas de socorro à renda e aos empregos dos mais necessitados.

Para articular todos esses esforços extraordinários, Bolsonaro precisa delegar poderes a uma força-tarefa que reúna técnicos da Saúde e da Economia e dialogue com Congresso e governadores.

Que esse núcleo seja capaz de deixar em segundo plano as maluquices do presidente. É assim que deveriam transcorrer as próximas semanas, que serão decisivas para milhões de brasileiros.

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