É hora de ajudar

Na primeira semana do mês, as doações da sociedade para auxiliar o combate à pandemia de coronavírus bateram a marca de R$ 1 bilhão, segundo balanço da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR, uma organização sem fins lucrativos voltada para a captação de recursos filantrópicos).

É um número grande para a realidade do país. Um dado das Nações Unidas apontou um total de R$ 2,9 bilhões doados em 2016 --é verdade que, naquela época, viva-se o auge da recessão.

Outro bom sinal é a notícia de que o Itaú Unibanco organiza a criação de um fundo para enfrentar a Covid-19. O próprio banco, que lucrou R$ 28 bilhões em 2019, vai doar R$ 1 bilhão.

Os recursos serão geridos por um conselho de profissionais de saúde, que contará com a participação de diretores de hospitais públicos e privados.

Num país em que a expressão "pilantropia" foi criada para simbolizar aproveitadores dessa atividade tão nobre, trata-se de uma esperança. No Brasil, a tradição filantrópica não se compara à de países como os Estados Unidos, onde famílias ricas e estrelas de Hollywood disputam o reconhecimento de comunidades com doação de recursos, formação de fundos e amparo a instituições.

Não se trata apenas de ter mais ou menos dinheiro, já que grandes fortunas, guardadas as diferenças, também existem no Brasil. Nosso país, um dos mais desiguais do planeta, ao menos tem criado condições favoráveis à filantropia.

Diante da disseminação da Covid-19, das evidentes dificuldades do sistema de saúde e da realidade social e econômica brasileira, a mobilização de parcelas expressivas da elite nacional é bem-vinda e merece reconhecimento.

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