Esconder ou distorcer informações --seja sobre o desmatamento, seja sobre mortes por Covid-19-- é hábito do governo Bolsonaro desde seu início.
Assim, não é uma surpresa que ele tenha sumido com os dados sobre a violência policial no ano de 2019 do relatório anual Disque Direitos Humanos, bem no momento em que a truculência da polícia gera protestos mundo afora.
Incompleto sob a justificativa de verificação de inconsistências, o relatório é construído a partir das denúncias feitas ao Disque 100, criado em 1997 e mantido pelo governo federal desde 2003.
Esse serviço recebe relatos de todo tipo de violação dos direitos humanos, inclusive as cometidas por policiais, e é considerado um termômetro no Brasil.
A responsável direta pela divulgação dessas informações é a ministra Damares Alves, da pasta da Mulher, da Família e Direitos Humanos, parceira fiel do presidente em seu ataque à ciência, à informação e à transparência.
A ocultação dos abusos cometidos por policiais atende aos interesses de um presidente que mantém ligações pessoais e políticas com agentes da segurança pública e suas corporações, que muitas vezes se acham acima da lei e da necessidade de prestar contas à sociedade.
O abafamento dos dados coincide com o aumento da violência empregada pela polícia, mesmo com a população em quarentena. Em abril, por exemplo, o número de mortes causadas pela PM no estado de São Paulo subiu 54,6% comparado aos quatro meses anteriores.
Foi o pior quadrimestre desde que o levantamento começou, em 2001. Dada a quantidade de políticos no Executivo e Legislativo que incentivam a truculência, isso também não é uma surpresa.
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