Tempo perdido na educação

São Paulo

O IBGE divulgou na quarta-feira (15) os resultados de uma pesquisa nacional sobre o ensino no país em 2019. Os números revelam avanços lentos demais em questões urgentes, como o analfabetismo e a desigualdade educacional entre brasileiros negros e brancos.

O presidente Jair Bolsonaro caminha no gramado do Palácio da Alvorada para acompanhar a cerimônia de descerramento da bandeira, que acontece na parte externa do jardim do palácio da alvorada - Pedro Ladeira - 15.jul.2020/Folhapress

A taxa de maiores de 15 anos que não sabem ler ou escrever caiu de 6,8%, em 2018, para 6,6%. O Plano Nacional de Educação previa que esse número cairia para 6,5% em 2015 —e que o analfabetismo seria erradicado em 2024. No ritmo atual, isso não vai acontecer.

Em 2019, 8,9% dos negros maiores de 15 anos eram analfabetos, ante 3,6% dos brancos. Os negros acima dos 25 têm quase dois anos a menos de estudos.

A disparidade vergonhosa também se revela na taxa de abandono escolar. De acordo com o estudo, dos 50 milhões de brasileiros entre 14 e 29 anos, 20,2% não completaram alguma etapa da educação básica. Desse total, 71,7% são negros. A maioria deixou de estudar porque precisava trabalhar. A pandemia do novo coronavírus deve piorar o quadro neste ano.

Os números representam alguns dos problemas que aguardam Milton Ribeiro, o quarto ministro da Educação em 18 meses de governo Jair Bolsonaro —somam-se a eles a renovação do Fundeb (o fundo do ensino básico), a retomada das aulas presenciais e a realização do Enem, para citar apenas os temas mais urgentes.

Após a gestão desastrosa de Abraham Weintraub e a passagem-relâmpago de um professor flagrado em maquiagem do próprio currículo, o novo ministro ainda não deu ideia do que pretende fazer.
Como aponta o IBGE, a educação brasileira está perigosamente atrasada, o que compromete o progresso do país. Um ano e meio é tempo demais para perder.

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