O desemprego brasileiro chegou a 13,8% no trimestre encerrado em julho, como apurou o IBGE. É o maior nível desde que começou a medição da taxa no país todo, em 2012. Ainda assim, a situação consegue ser pior do que parece.
Nos cálculos oficiais, não se considera desempregado quem não está procurando uma ocupação. Por isso, não entram na estatística 6,8 milhões de pessoas que saíram do mercado de trabalho durante a pandemia de Covid-19. Se toda essa gente fosse contada, a taxa passaria de assustadores 20%.
É claro que tantos trabalhadores só puderam ficar em casa graças ao pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 mensais. Dá para imaginar, portanto, que muitos voltarão a procurar emprego com o corte do benefício para R$ 300 a partir deste mês --e, para piorar, se essa grana ficar ainda menor em 2021.
O governo Jair Bolsonaro já percebeu a encrenca, que pode provocar uma crise social e derrubar a popularidade do presidente. Não é por acaso que estão tentando criar o tal programa Renda Cidadã (um Bolsa Família ampliado), mas está difícil arrumar dinheiro para isso.
A recuperação da economia está até mais forte do que se esperava, em especial na construção civil e na indústria. Mas ninguém sabe se esse ritmo vai se manter com a queda do auxílio. Também é possível que muitas empresas tenham achado meios de operar com menos funcionários e não voltem a contratar.
Não existem soluções mágicas para o problema. Se Bolsonaro embarcar na esparrela de gastar além das possibilidades, ninguém mais vai querer emprestar para o governo. O resultado, como o país já viu muitas vezes, é alta dos juros, do dólar, do desemprego e da pobreza.
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