Morto aos 60 anos na quarta (25), Diego Armando Maradona Franco simbolizou como nenhum outro jogador a relação entre o que acontece dentro das quatro linhas e o mundo além delas.
Se Pelé transformou o futebol num fenômeno global, o argentino reagiu a um negócio multimilionário. Lutou pelos direitos dos atletas e apontou a corrupção dos cartolas --mas sem deixar de se aliar a eles quando lhe interessava.
Na política, transformou-se em ícone da esquerda latino-americana. Levava no braço a famosa tatuagem de Che Guevara e manifestou seu apoio a regimes como os de Cuba e da Venezuela.
Maradona desenvolveu extraordinária ligação sentimental com seu país. Não há de ser coincidência que sua maior atuação tenha se dado na partida em que a Argentina eliminou a Inglaterra na Copa de 1986 --apenas quatro anos depois de os ingleses humilharem os argentinos na Guerra das Malvinas.
Em uma vida marcada por altos e baixos, o notório envolvimento com drogas provocou internações em hospitais e frequente proximidade com a morte.
Quando esteve livre das confusões extracampo, Maradona ajudou a consolidar as características que fazem do futebol uma das mais incríveis criações humanas. Durante duas décadas, escreveu uma história repleta de jogadas imprevisíveis e momentos de pura magia.
Talvez ninguém tenha tido papel individual tão importante numa Copa como o desempenhado por ele em 1986.
Como é comum entre os gênios, "El Pibe" carregou o admirável e o equivocado. Serve de exemplo e antiexemplo. Que a história dê a Maradona o tratamento que merece --humano nos erros e acertos fora de campo, genial dentro dele.
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