Um acontecimento das dimensões de uma pandemia é capaz de mudar o jogo político também. Aqui no Brasil, cresceu o desgaste do presidente Jair Bolsonaro, que fez pouco caso das mortes e da importância da vacinação.
Agora, um novo fator surge para virar de cabeça para baixo as previsões para a disputa eleitoral de 2022: a anulação das condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, se confirmada pelo Supremo Tribunal Federal, permitirá ao petista ser candidato novamente.
De imediato, a novidade parece que ajudou a precipitar na gestão de Bolsonaro uma comichão rumo às vacinas e até ao uso de máscaras em atos públicos. Reação muito tardia, e por ora ainda muito fajuta para ser levada a sério.
Nomes que já vinham estudando uma candidatura presidencial agora refazem seus cálculos. É o caso do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), do ativista Guilherme Boulos (PSOL) e até do apresentador de televisão Luciano Huck.
O quadro se reorganiza com a reabilitação do desafiante que encarna como ninguém os 13 anos do PT no governo, com suas notáveis conquistas, concentradas na área social, e seus grandes fracassos nos anos finais da economia e na convivência com a corrupção.
O quadro se reorganiza, mas não se define. Há variáveis poderosas em atuação --a pandemia, o desemprego, a escalada no preço dos alimentos-- capazes de colocar tudo de pernas para o ar até o distante outubro do ano que vem.
Seria uma lástima se a reentrada de Lula no certame eleitoral reavivasse a polarização estéril com o bolsonarismo, o que parece animar militantes dos dois lados. O Brasil merece coisa melhor.
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