Em meio a uma combinação de crises sanitárias e econômicas, agravadas pela incompetência e pela indiferença do presidente Jair Bolsonaro, a atuação do Congresso sob novo comando vai se mostrando uma vergonha.
Desde que o centrão ganhou o controle da Câmara com Arthur Lira (PP-AL), a energia da Casa tem sido despendida em iniciativas distantes da carnificina de quase 2.000 mortos diários e próxima das conveniências dos deputados.
Com isso se viram a PEC da impunidade, o avanço da discussão acerca da revisão da Lei de Improbidade Administrativa e nova tentativa de embaralhar o jogo já confuso da lei eleitoral —para pior, com ideias como o fim de barreiras contra a proliferação de partidos.
Lira até percebeu o vexame e tentou remediar a situação. Chamou os governadores, que são os últimos focos de resistência ao desgoverno de Bolsonaro com alguma capacidade de reação, para discutir a pandemia.
Foram prometidas emendas parlamentares para a saúde e acompanhamento da questão dos insumos de vacinação. Pouco, e tarde.
O momento demanda, no mínimo, um plano robusto de fiscalização das políticas do Ministério da Saúde, com supervisão da execução orçamentária e questionamentos às autoridades.
Do outro lado do Congresso, no Senado, o cenário não é muito melhor. Ao menos foi votado o projeto que autoriza o gasto com o auxílio aos mais afetados pela pandemia, mas a disposição de fiscalizar o Executivo é quase nula.
A hora exige senso de responsabilidade, até porque são eleitores desses parlamentares que estão morrendo enquanto Bolsonaro diz que tudo é só “mimimi”.
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