O papelão do Congresso

Em meio a uma combinação de crises sanitárias e econômicas, agravadas pela incompetência e pela indiferença do presidente Jair Bolsonaro, a atuação do Congresso sob novo comando vai se mostrando uma vergonha.

Desde que o centrão ganhou o controle da Câmara com Arthur Lira (PP-AL), a energia da Casa tem sido despendida em iniciativas distantes da carnificina de quase 2.000 mortos diários e próxima das conveniências dos deputados.

Arco-íris se forma atrás do Congresso Nacional, na esplanada dos ministérios, em Brasília - Pedro Ladeira - 03.mar.2020/Folhapress

Com isso se viram a PEC da impunidade, o avanço da discussão acerca da revisão da Lei de Improbidade Administrativa e nova tentativa de embaralhar o jogo já confuso da lei eleitoral —para pior, com ideias como o fim de barreiras contra a proliferação de partidos.

Lira até percebeu o vexame e tentou remediar a situação. Chamou os governadores, que são os últimos focos de resistência ao desgoverno de Bolsonaro com alguma capacidade de reação, para discutir a pandemia.

Foram prometidas emendas parlamentares para a saúde e acompanhamento da questão dos insumos de vacinação. Pouco, e tarde.

O momento demanda, no mínimo, um plano robusto de fiscalização das políticas do Ministério da Saúde, com supervisão da execução orçamentária e questionamentos às autoridades.

Do outro lado do Congresso, no Senado, o cenário não é muito melhor. Ao menos foi votado o projeto que autoriza o gasto com o auxílio aos mais afetados pela pandemia, mas a disposição de fiscalizar o Executivo é quase nula.

A hora exige senso de responsabilidade, até porque são eleitores desses parlamentares que estão morrendo enquanto Bolsonaro diz que tudo é só “mimimi”.

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