Um é bom, dois é ótimo, três é do balacobaco. A história se repete: 80 anos depois, o maior barato. Nada de farsa. À vera, na raça, com taça. Tricampeonato. Em casa, fora, em casa. Contra time do interior mais fraco, contra time badalado mais caro, contra freguês tradicional acostumado a ser derrotado. Palco alternado. O mesmo campeão dos campeões, nada alterado. Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três. Só dá Corinthians em São Paulo. Festa do povo.
Seja ponte com o passado comemorando 40 anos de 1977, seja nos pênaltis contra o maior rival, seja batendo o maior freguês. O bagulho é louco, protagonismo do bando de loucos. Alegria, subjetiva, exalando no concreto. Todo mundo junto e misturado, povão, classe média, camarote, sorriso, choro, papo reto. Contra Ponte, Palmeiras e São Paulo. Fila é coisa do passado. Quem te viu, quem te vê. Estádio (de Copa) abarrotado, recorde de audiência na TV. Mesmo quem não torce, ah, que bobos, não distorce. Reconhecimento em forma de dor. Sofre mais até do que quem torce, mas, ainda que por linhas tortas, reconhece. Chororô. Dor de cotovelo gigante sublinhada com o uso do diminutivo Paulistinha por uns, ameaça de não pegar a medalha de vice por outros. A lusitana roda, o mundo gira, o futebol é cíclico. O ano que vem tem mais. Pobre, São Paulo, viva o Paulista! Ninguém sabe se o Timão será tetra. Ou se terá um ano tétrico. A próxima festa pode ser verde, tricolor ou praiana. Certeza mesmo é que a história, viva, estará sendo feita. Escrita. Milhões ficarão felizes. Outros milhões, óbvio ululante, tristes. Refiro-me, claro, a quem ama futebol, o jogo, o seu time. Seja ele qual for, por qual torneio for. Resultado é comemorado pela alegria que é ser apaixonado. E a paixão passa pela cidade, pela rivalidade. A lógica serve para o mundo todo, é global, amor é local. Só entende isso o torcedor, que é quem ama o jogo. Seja anti, seja mais um corinthiano louco. Quem não entende é quem vive do esporte e ganha para dizer o que os outros devem ou não comemorar. Pretensão patética de quem conhece tática, escalação, tabela, mas não conhece nada, porque não reconhece a alma. Futebol é a torcida, a emoção vivida. Quem não sente não tem o que comemorar.
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