Não dá negar que o Campeonato Paulista não tem a importância de outrora. Quando Corinthians o conquistou pela primeira vez, em 1914, o Estadual era a maior glória com a qual um clube brasileiro poderia sonhar. Hoje o Alvinegro é bicampeão mundial, heptacampeão nacional e joga em um estádio muito mais moderno do que o Parque São Jorge ou a Ponte Grande, mas ainda consegue tornar memoráveis as façanhas obtidas dentro de suas divisas.

É por isso que seu povo celebrou sem pudor o que outros chamam de “Paulistinha”. Ser o primeiro clube bandeirante a alcançar as marcas de 30 Estaduais e de quatro tricampeonatos _o primeiro em 80 anos_ é de se orgulhar. Gerações de torcedores que já haviam festejado Brasileiros, Mundiais e Libertadores foram tri do Paulistão pela primeira vez. Algo que só conheciam de histórias do avô (ou bisavô) que viveu os anos 20 e 30.

O Sport Club Corinthians Paulista não renega suas origens. Cássio, herói de 2012, é hoje o grande ídolo que é porque, além de Diego Souza e Moses, também parou Dudu e Lucas Lima em pleno Allianz Parque. Com ótimas atuações na campanha deste ano, o camisa 12 se tornou o maior goleiro da história preta e branca até para quem cresceu amando Ronaldo, campeão paulista em 1988, 1995 e 1997.

Provavelmente o Gigante um dia terá seu busto no Parque São Jorge ao lado dos de Neco, Teleco, Baltazar, Cláudio, Luizinho e Rivellino. Todos eles, com exceção do último, campeões de históricos títulos estaduais do Timão em diferentes décadas.

O Paulistão ajudou a forjar a identidade corintiana. A freguesia sobre o Tricolor, preservada por Sócrates & Casagrande, Gil & Liedson, Avelar & Love, começou com o gol de Carlito em 1938. Em mais de cem anos de torneio, o Alvinegro promoveu a festa de valentes carroceiros, tornou-se “campeão por cem anos”, fez a cidade se dobrar a seu povo (após 22 anos e 8 meses de humilhação), gritou por democracia, ajudou um Fenômeno a se redimir... O clube “mais brasileiro” é, orgulhosamente, o maior campeão de São Paulo.