Loira de olhos claros, delicada nos traços, vaidosa, feminina, elegante. O estereótipo de princesa de Walt Disney esconde uma Simone independente, trabalhadora, moderna, deslumbrante. Ótimo papo. Elegância à prova de não-me-toques. Vladimir, exímio xavequeiro como todo vendedor de carro, é o bom malandro, simpático, extrovertido, parceiro, debochado, engraçado.
O primeiro encontro, que viria a ser definitivo, foi na loja dele. Vlad bateu a carteira do vendedor e assumiu a vez. "Não perco venda." Atendimento personalíssimo, papo turbinado. Cabra bom. Água, olhares, café, ganhou a cliente e ainda vendeu a caranga. Encheu o bolso, fez a mala. O namoro foi de 0 a 100 em segundos. Que toque!
O rala e rola à rali evoluiu para matrimônio. Simone não tinha o rei na barriga. Mas duas meninas. Tocou o sininho. Blém, blém, as gêmeas Nicole e Beatriz chegaram à residência no Belém às vésperas do Natal de 2008. E trouxeram a bola de presente à vida do casal.
Até então, Vladimir e Simone, nem juntos, nem separados, haviam sido apresentados a um estádio. Diziam-se "São Paulo" quando questionados só para não ficarem mudos e encerrarem o assunto quando o futebol era o papo.
O amor de Nicole e Beatriz pela bola, demonstrado logo nos primeiros passos, levou o casal a conhecer a quadra do condomínio e ser apresentado ao futebol. E fez o estádio do Morumbi entrar na rota da família que já incluía teatro, cinema, restaurante e sorveteria.
Se os pais se adaptaram em casa, na escola não foi necessário. Para os amiguinhos, Bia e Nic sempre foram do time de futebol, desde o berçário. Opção natural. Mas as meninas gostam mais que o "normal". Bola no recreio, futsal no lugar do passeio. E até no aniversário. Nada de Frozen, as princesas Nic e Bia pediram e ganharam quadra alugada com direito a juiz e coletes para comemorar com os amigos. Festa que virou rotina anual. E copiada por outros meninos e meninas da sala. O único choque fica por conta das divididas.
Bia e Nic têm 10 anos e precisam viver mais uma década para terem idade de decidir se querem viver de futebol. O Brasil, que não respeita as minas, inclusive no futebol, há 519 anos, precisa mudar.
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