Está difícil acompanhar o ritmo do Brasil.
Na terça, nosso presidente discursou para o mundo dizendo que temos "os mais altos padrões de direitos humanos". Na quarta, uma menina de 11 anos foi baleada, e isso, por corriqueiro, nem foi tratado como notícia de grande repercussão.
Há um abismo entre o Brasil pintado e o real. Neste, um ex-procurador-geral da República conta ter ido armado ao Supremo Tribunal Federal, com o intuito de assassinar um dos ministros da corte.
Sério, Brasil, está difícil acompanhar o ritmo.
Como não está fácil, falemos de algo mais leve, o futebol. A bola até pode ser um detalhe, base das ideias expostas aqui, mas tem que aparecer em algum momento, afinal estamos no caderno de esportes.
O busílis é que também está difícil acompanhar o ritmo do Brasileiro. Se você acha que Cuca é o treinador do São Paulo, que Rogério Ceni dirige o Cruzeiro, que Zé Ricardo comanda o Fortaleza e que Oswaldo de Oliveira dá as cartas no Fluminense, corra atrás do noticiário dos últimos dias.
Cuca perdeu mais uma e pediu o boné. Para seu lugar, foi contratado um técnico que não tem um título relevante na carreira e ostenta 26% de aproveitamento no Campeonato Brasileiro.
Ceni não pediu o boné, mas recebeu o bilhete celeste. Aí, o Fortaleza correu para demitir Zé Ricardo e colocar Ceni em seu lugar.
Já no Fluminense, a queda de Oswaldo tem uma distância ainda mais abissal entre o mundo imaginado e o real. Se Bolsonaro vê nossas matas preservadas, Ganso enxerga em si um bom jogador de futebol.
Aos 29 anos, ele insiste em acreditar na expectativa que criou aos 19. Uma década depois de aparecer exibindo talento, o meia não joga nada e é ainda mais moleque.
Estamos em 2019, e ele acha que ser substituído lhe dá o direito de dizer ao chefe: "Você é burro". Em um mundo no qual a verdade parece ter virado um detalhe, Ganso, fico com a honestidade brutal daquele demitido por sua causa: "Você é vagabundo".
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