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A bola é um detalhe: Interrogação

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São Paulo

Aonde vai, há algum tempo, Vanderlei Luxemburgo tem de responder às críticas de que está ultrapassado. O questionamento voltou agora, após um trabalho satisfatório no Vasco que lhe deu a oportunidade de retornar ao Palmeiras.

Com um bom elenco nas mãos, o treinador de 67 anos terá a chance de provar que não parou no tempo. E o desafio maior não será exatamente mostrar conhecimento de futebol, mas entender que o jogador de 2020 não é o boleiro dos anos 90.

O perfil mudou. Luxemburgo, assim como Felipão, não soube se adaptar. Seu grande problema nos últimos 10 ou 15 anos não foi perder o bonde da história em questões táticas, mas insistir em tratar Gabigols como Edílsons.

Vanderlei Luxemburgo podia ser duro no tratamento com Clebão - Jorge Araujo - 31.jan.96/Folhapress

Não adianta mais proibir cabelos pintados, como Luxa fez com Dinei no Corinthians. Não que adiantasse antes, isso sempre foi ridículo. Mas basta ver o Flamengo que disputa hoje o título mundial, com praticamente todo o time oxigenado, para observar que algumas das práticas habituais de outrora já não são mais possíveis.

O próprio Vanderlei admitiu essa dificuldade. Em entrevista concedida ao UOL em 2017, ele lamentou que os atletas da atual geração não respondem à abordagem usada com Clebão.

“Você conseguia penetrar no jogador de antigamente, tirar o máximo dele. Hoje, os jogadores estão muito melindrados, cheios de assessor de imprensa, de empresário, disso e daquilo. Você não pode mais agredir o cara”, reclamou.

“Não é agredir o cara. É penetrar duro, forte. Quantas vezes eu não fui grosso? E o jogador ia lá e me representava”, acrescentou.

Você pode argumentar, não sem razão, que de fato o boleiro moderno se infantilizou em sua bolha de parças. Mas já foi. É isso. Dudu não é Edmundo, mesmo vestindo aquela camisa 7.

O Pofexô só terá chance de sucesso se compreender isso. Aí, poderá ser de novo chamado como definiu o saudoso Avallone: “Vanderlei Luxemburgo, vírgula, o estrategista”.

Marcos Guedes
Marcos Guedes

36 anos, é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e, como o homenageado deste espaço, Nelson Rodrigues, acha que há muito mais no jogo do que a bola, "um ínfimo, um ridículo detalhe". E-mail: marcos.guedes@grupofolha.com.br

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